As viagens em aviões supersônicos, que acabaram desde a aposentadoria do Concorde em 2003, retornarão em meados de 2020 se três empresas sediadas nos Estados Unidos conseguirem tornar os jatos silenciosos e eficientes o suficiente para convencer compradores e passageiros.
Quinze anos atrás, a Boeing cancelou os planos de construir o quase supersônico Sonic Cruiser, a última grande tentativa feita por uma grande fabricante de acelerar a aviação comercial.
Agora a Japan Airlines e o Virgin Group estão apoiando um dos três projetos supersônicos norte-americanos, o da empresa Boom Technology, sediada em Denver, que planeja um jato executivo de 55 lugares.
A Lockheed Martin tem uma parceria com a Aerion para desenvolver jatos executivos supersônicos menores, e a Spike Aerospace também almeja o mercado de jatos particulares, já que muitos veem os super ricos como os primeiros adeptos prováveis das viagens supersônicas.
O Concorde foi desenvolvido nos anos 1960, o que significa que não é exatamente uma tecnologia nova, mas o programa tinha apoio do governo, e só 14 jatos foram entregues às então estatais British Airways e Air France.
As encomendas de outras empresas aéreas evaporaram porque os preços dispararam, e os aviões foram aposentados porque os custos de manutenção aumentaram e a procura dos passageiros diminuiu.
Os novos empreendedores estão contando com capital de risco para financiar seus modelos. “Isto tem mais a ver com motores e economia do que com fuselagem”, disse Richard Aboulafia, vice-presidente de análise da empresa de pesquisa aeroespacial Teal Group, sobre os desafios de se ressuscitar os supersônicos.
Para que os projetos sejam economicamente viáveis os motores precisam consumir muito menos combustível e ser muito menos barulhentos do que aqueles do Concorde ou de caças.
Isso tem criado dificuldades para os engenheiros, especialmente em velocidades mais altas como a Mach 2 do Concorde, que encurtou a viagem entre Londres e Nova York pela metade – 3 horas e meia.
Os fabricantes de motores e jatos passaram décadas melhorando o consumo de combustível, ampliando o alcance e reduzindo os ruídos, mas para alcançar velocidades supersônicas é preciso um núcleo de motor mais parecido ao dos jatos comerciais dos anos 1970 e 1980, que consomem mais ar e combustível com grande ruído.