Os pedidos de proteção da tecnologia foram o resultado do aprendizado do COPE na operação do satélite SGDC
DCTA, por Tenente Alessandra Borges
O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) realizou, em 13 de abril, em assessoramento técnico ao Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), os pedidos de proteção da propriedade intelectual de uma tecnologia inovadora intitulada “Método de controle de razão de mistura por atuação térmica nos tanques de propelentes de sistemas espaciais”.
Pela primeira vez na história do DCTA, foi realizado o depósito de patente de tecnologia na Comunidade Europeia, além dos pedidos de proteção da propriedade intelectual efetivados no Brasil e nos Estados Unidos da América, para garantia da exclusividade de exploração da tecnologia nesses mercados.
A tecnologia em questão é um processo que oferece ao mercado uma solução técnica, que permite o ajuste fino da razão de mistura por atuação térmica iterativa nos tanques de propelentes de sistemas espaciais bipropelentes. Sua história teve início em 2017, quando o Centro de Operações Espaciais (COPE) do COMAE passou a operar o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Além de garantir o emprego do seu principal sistema espacial, o COPE também passou a se dedicar à maximização do tempo de vida útil deste SGDC. A experiência e conhecimento na área espacial, desde 2014, com o Programa de Absorção de Tecnologias do SGDC, permitiu ao COPE desenvolvimento da referida tecnologia para operações espaciais.
“O ambiente do COPE é muito propício à identificação de soluções inovadoras, pois é durante as operações que identificamos as reais necessidades de melhoria. Associado a um corpo técnico criativo e disposto a testar novos métodos de operação, conhecimentos inicialmente isolados, acabam se integrando. É dessas conexões que surgem as ideias inovadoras”, aponta o Capitão Engenheiro Henrique Oliveira da Mata, inventor da tecnologia e militar do efetivo do COMAE desde o início das operações do SGDC.
Ainda segundo o Capitão Da Mata “foi o somatório do domínio teórico, do desenvolvimento de novas ferramentas computacionais e da experiência operacional que permitiu o desenvolvimento do método inovador, para definição do ponto ótimo de temperatura para a operação dos propulsores de satélites. Nessas condições, um satélite, como o SGDC, consegue utilizar ao máximo os propelentes disponíveis nos tanques, evitando desperdício que encurtem o seu tempo de vida operacional. Estima-se que a aplicação prática dos resultados desta tecnologia deverá prolongar em, ao menos, três meses a operação do SGDC, podendo levar a uma economia de cerca de R$ 10 milhões.”
O tecnologista do setor de proteção da propriedade intelectual do DCTA, Renato de Lima Santos, informou que, os depósitos de pedido de patente realizados, constituem um primeiro e imprescindível passo para que as tecnologias possam ser transferidas ao mercado nacional e internacional.
“Essa realização é a concretização do cumprimento da missão do COMAE, de empregar o poder aeroespacial com vistas a garantir a soberania do espaço aéreo e a integração do território nacional, conjugado com a missão do DCTA, de desenvolver soluções científico-tecnológicas no campo do Poder Aeroespacial, a fim de contribuir para a manutenção da soberania do espaço aéreo e a integração nacional; em ambos os casos, verificam-se efeitos diretos que contribuem para fortalecimento da Base Industrial de Defesa, da sociedade brasileira e do desenvolvimento econômico nacional”, disse.
Fotos: Suboficial Johnson e Soldado A. Soares / FAB