PARIS — A Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) espera aperfeiçoar em um ou dois anos o sistema de caixas-pretas dos aviões, que apresentou falhas no acidente do voo AF447 entre Rio e Paris em 2009, declarou nesta segunda-feira seu secretário-geral Raymond Benjamin.
Os investigadores deram no domingo um passo decisivo na investigação para determinar as causas do acidente com o Airbus A330 da Air France que caiu no Atlântico em 1º de junho de 2009, com 228 pessoas a bordo, ao recuperar o gravador dos parâmetros de voo, uma das duas caixas-pretas.
Mas levaram quase dois anos para encontrar este elemento crucial para compreender a catástrofe.
"Já não podemos, depois do acidente com o voo Rio-Paris, viver com o sistema que conhecemos", considerou o secretário-geral da OACI, ao mencionar aperfeiçoamentos que poderão ser aplicados em um prazo de "um ou dois anos"
A OACI pretende prolongar de 30 para 90 dias a duração do sinal emitido pelas caixas-pretas para facilitar sua busca e aumentar o alcance de 2 para 9 quilômetros. A organização também quer que as caixas-pretas flutuem quando um avião cair na água.
Em um prazo maior, os aviões deverão poder transmitir dados de forma permanente durante o voo. Mas isso requer investimentos e uma tecnologia que a OACI reconheceu não possuir.
"Atualmente, nossa preocupação é aperfeiçoar aquilo que existe", explicou Benjamin em Paris na Associação de Jornalistas Profissionais da Aeronáutica e do Espaço (AJPAE) francesa.
"A descoberta ontem (domingo) da caixa-preta (do voo AF447) é uma notícia muito boa", considerou o chefe da organização ligada às Nações Unidas.
O Bureau de Investigação e Análises francês (BEA) deve agora analisar a caixa-preta para determinar se conservou os dados.
O BEA espera encontrar em breve a segunda caixa-preta do Airbus, que contém a gravação das conversas da tripulação na cabine durante o voo.