O Brasil registrou quase oito operações SAR (sigla do inglês Search and Rescue – Busca e Salvamento) por dia em 2015. Os números constam no Anuário SAR 2015 elaborado pelo Subdepartamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e referem-se especificamente aos casos com a participação da Força Aérea Brasileira.
O relatório aponta ainda que 24 vítimas foram resgatadas, sendo 12 sobreviventes. Outras 190 receberam algum tipo de assistência do Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro (SISSAR). Os dados apontam também que, no ano passado, 15 aeronaves e 8 embarcações foram localizadas.
Do total de 2.814 casos registrados, apenas 145 envolveram operações que contaram com apoio de aeronaves, o que resultou no emprego de 340 horas de voo ao longo do ano.
Cerca de 95%, ou seja, 2.669 foram resolvidos com contatos telefônicos durante as buscas iniciais por informações, quando operadores dos Centros de Coordenação de Salvamento (Salvaero) buscam, por exemplo, identificar o que houve com aeronaves que não pousaram nos aeródromos de destino ou alternativos indicados no plano de voo. "Na maior parte dos casos, o piloto decide pousar em um aeródromo diferente do alternativo e não avisa ninguém", explica o chefe da Seção de Coordenação e Controle SAR do DECEA, Capitão Gustavo Rossi.
Outro fator frequente responsável por inflar esse número são os acionamentos equivocados do ELT (Emergency Locator Transmitter), equipamento embarcado na grande maioria das aeronaves que é acionado em casos de emergência por uma ação voluntária ou por um impacto sofrido pela aeronave. O sinal captado por satélites é transmitido aos Salvaeros através do Centro de Brasileiro de Controle de Missão do COSPAS-SARSAR (BRMCC), localizado em Brasília (DF).
A informação contém também a posição exata da emissão do sinal. "As vezes o avião está no hangar para manutenção e o ELT é acionado por descuido", afirma.
O Capitão Rossi recorda de um caso em que a aeronave fez um pouso forçado em um canavial e o equipamento de emergência acionou. "O ELT acionou e ao fazermos contato com os bombeiros da cidade mais próxima soubemos que as pessoas a bordo já haviam sido resgatadas", exemplifica.
Mesmo sendo um item importante de localização, nem toda a frota de aeronaves brasileiras possuem o ELT. Ainda não há legislação que o torna obrigatório. Atualmente, 10.435 equipamentos estão registrados pelo BRMCC. Somente de 2014 para 2015, 776 novos equipamentos foram registrados.
A maior parte dos casos registrados como operação SAR pelo DECEA está nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, que responde por 35,30% do total. A região envolve o eixo Rio-São Paulo. Em segundo lugar, respondendo por 20,01%, estão os casos registrados no Atlântico incluindo, também, embarcações.
Unidades aéreas envolvidas – O esforço aéreo de 340 horas de voo efetuado ao longo de 2015 para operações de busca e salvamento envolveu o acionamento de oito esquadrões de aviões e helicópteros para missões de busca e salvamento. Eles estão distribuídos por todo o Brasil: Belém (PA), Manaus (AM), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Santa Maria (RS). A frota é composta por aeronaves P-3AM Orion, P-95 Bandeirante Patrulha, SC-105 Amazonas, C-130 Hércules, H-1H Iroquois, H-60 Black Hawk e H-36 Caracal.
As missões de busca e salvamento realizadas pela FAB acontecem sobre todo o território nacional, sobre o mar territorial e ainda em uma ampla área de águas internacionais do Atlântico. Por força de tratados internacionais, o Brasil é responsável por essas missões em uma área de mais de 22 milhões de km², quase três vezes a extensão continental do País (de 8,5 milhões de km²).