Virgínia Silveira
Um novo sistema de controle de tráfego aéreo, apresentado ontem pela Aeronáutica, coloca o Brasil entre os grandes centros mundiais no gerenciamento do seu espaço aéreo. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, além de contribuir para aumentar a segurança dos passageiros, o novo sistema também torna o país menos dependente estratégica e economicamente de outros países, pois o domínio da tecnologia garante a evolução do sistema e a autonomia do Brasil nesse segmento.
Batizado de Sagitário (Sistema Avançado de Gerenciamento de Informações de Tráfego Aéreo e Relatórios de Interesse Operacional), o novo sistema foi desenvolvido pela integradora brasileira Atech, em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), a um custo de R$ 24 milhões, sendo R$ 9 milhões para a parte de desenvolvimento e o restante para instalação, treinamento e garantia do produto.
O Sagitário começou a ser operado há um ano no Cindacta II (Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), de Curitiba, e acabou de ser implantado no Cindacta III, em Recife. O Cindacta I, em Brasília, segundo o presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), brigadeiro Carlos Vuyk de Aquino, estará operando o Sagitário até o começo de 2012.
O Sagitário é uma evolução do sistema X-4000, controle padronizado durante a primeira década do século 21. Desenvolvido nos últimos três anos, o novo sistema agiliza as ações rotineiras dos controladores, identificando e informando situações de riscos, além de flexibilizar a configuração de parâmetros de software.
Toda a parte de simulação do sistema e também o treinamento dos controladores de tráfego aéreo para os novos padrões do Sagitário foi feita nos laboratórios do Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), vinculado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos. "O ICEA recebe uma média de 600 controladores por ano para o treinamento operacional, tanto da aviação civil quanto militar", diz o diretor do DCTA, brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann.
Entre as vantagens do novo sistema, o comandante do Cindacta II em Curitiba, coronel Walcyr Josué de Castilho Araújo, destaca o uso intensivo do mouse (o sistema anterior ainda utilizava teclado, dividindo a atenção do controlador entre as teclas e a imagem da tela), o que facilitou a execução do sistema, além de diminuir a carga do controlador.
O novo sistema, segundo Araújo, também está pronto para operar nas diretrizes da navegação aérea mais avançada, com pilotos e controladores se comunicando via satélite.
"Com isso, estaremos alinhando o serviço brasileiro de controle de voos com a realidade que, em breve, estará disseminada em razão da demanda crescente do setor aéreo", disse. Segundo estimativa da Iata (International Air Transport Association), o tráfego aéreo deve crescer anualmente entre 8% e 10% nos próximos anos. Até 2025 espera-se aumento da ordem de 239% no movimento de voos no mundo.