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Memória aos Mortos da Marinha em Guerra

Nota publicada pela Marinha do Brasil 19 Julho 2011

Na manhã do dia 21 de julho de 1944 a Corveta “Camaquã”, que deixava o Porto do Recife, foi atingida por uma sucessão de grandes ondas, que se abateram por seu través e a fizeram emborcar. Os náufragos foram recolhidos pelos Caça-Submarinos “Jutaí” e “Graúna”, componentes daquela mesma escolta de comboio. No entanto, 33 homens perderam suas vidas no acidente. Desde então, todos os anos, flores são lançadas ao mar dos conveses dos navios em homenagem aos marinheiros brasileiros que foram mortos em guerras.

Ao relato desse episódio da história recente se somam tantos outros, não só da Segunda Guerra, mas, também, daqueles decorrentes da participação da Marinha do Brasil nas lutas no passado mais distante. Podem ser citados os combates pela consolidação da Independência, o esforço para conter as insurreições e levantes ocorridos durante os períodos da Regência e do Segundo Reinado, sem esquecer as batalhas da Guerra da Tríplice Aliança.

Naqueles momentos difíceis, a participação da Marinha foi fundamental para que fossem mantidas a integridade territorial e a soberania do País.

Na Segunda Guerra Mundial, antes que o Brasil declarasse oficialmente estado de guerra, em 31 de agosto de 1942, já tinham sido torpedeados e afundados 18 navios da Marinha Mercante Nacional. Foi a partir daí que, por meio da recém-criada Força Naval do Nordeste, a principal tarefa da Marinha do Brasil consistiu em compor comboios e dar proteção aos navios mercantes. Na longa Campanha do Atlântico, a prioridade era garantir a segurança dos transportes marítimos, uma vez que o propósito das forças inimigas era cortar as linhas de comunicações dos Aliados, impedindo que as provisões transportadas pelo Atlântico chegassem ao seu destino.

É preciso atentar para o fato de que o esforço de guerra desprendido por nossos marinheiros foi silencioso e pertinaz, pois, até o final da guerra, foram realizados 575 comboios, nos quais 3.164 navios mercantes cruzaram o Atlântico com segurança.

Entretanto, o preço pago nesses quatro anos de intensas ações reverteu-se na perda de 1.468 homens, entre marinheiros, marítimos e usuários do transporte marítimo. A capacidade de superação desses homens do mar foi extraordinária, a ponto de muitos deles, sendo sobreviventes de outros torpedeamentos, continuarem navegando até o final do conflito. Além da Corveta “Camaquã”, a Marinha perdeu o Cruzador “Bahia” e o Navio-Auxiliar “Vital de Oliveira”, o que representou o sacrifício de 486 marinheiros.

A Primeira Guerra Mundial foi outro conflito no qual, diante da campanha submarina irrestrita alemã, findou-se a neutralidade que o Brasil desfrutara. O propósito dos alemães consistia em asfixiar a Grã-Bretanha, pondo a pique todos os navios que lhe eram destinados, dentre os quais estavam os de bandeira brasileira. Após o naufrágio do terceiro navio mercante, em outubro de 1917, o governo brasileiro declarou guerra ao Império alemão. Foi, então organizada a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), sob o comando do Contra-Almirante Pedro Max Fernando de Frontin. Os navios suspenderam do porto do Rio de Janeiro em maio de 1918.

A Força Naval fez sua base em Dacar para o cumprimento de sua missão de patrulhamento das águas européias e africanas. Contudo, o maior inimigo das guarnições daquela força foi a gripe espanhola, que assolou todo o mundo naqueles anos. Nessa campanha foram vitimados 156 marinheiros pela epidemia.

Assim, foram nos momentos difíceis da história, nos conveses dos navios de guerra e mercantes, que nossos marinheiros não se furtaram ao dever de enfrentar as adversidades e agruras das guerras passadas a fim de que, hoje, a Nação brasileira possa desfrutar da soberania e da paz.

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