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MB – Sem dinheiro, Marinha desiste de submarino

Sem dinheiro, Marinha desiste de submarino

SMB-10, primeiro projeto brasileiro, inauguraria frota de 10 ou 12, para proteção de riquezas marítimas

DefesaNet 06 Fevereiro 2006

OESP 05 Fevereiro 2006

 

Roberto Godoy

Colaborou Tânia Monteiro

 

Sem dinheiro e sem muita esperança de vir a ter o orçamento recuperado, o Comando da Marinha suspendeu em outubro de 2005 o programa de construção do primeiro submarino de projeto nacional, o SMB-10, de 2.500 toneladas. O programa previa a produção, no Rio, de duas a seis unidades.

É uma perda e tanto. A operação de uma Força de Submarinos de bom porte, com 10 ou 12 navios, seria a forma mais barata e eficiente de defesa dos interesses do País na plataforma continental. Cada submarino custaria até US$ 200 milhões.

Entre os recursos que seriam defendidos na plataforma estão as jazidas de petróleo. O complexo de 276 campos e 15 mil poços passará a produzir 1,91 milhões de barris por dia no segundo semestre, dando ao País a auto-suficiência de produção. Algumas das perfurações foram feitas a 1.800 metros de profundidade sob o oceano. Há plataformas localizadas a 200 km de distância da costa. Os estoques, avaliados em US$ 300 bilhões, são suficientes para 20 anos de consumo estável.

"Durante muito tempo o almirantado brasileiro pensou em ter uma espécie de Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) do mar", lembra um experimentado comandante da Marinha. Para ele "os custos elevados dessa blindagem eletrônica adiaram a pretensão, pelo menos pelos próximos 40 anos". De fato. Para instalar três radares de longo alcance e sensores diversos nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo, seriam necessários US$ 400 milhões. Um complexo capaz de cobrir os 4,5 milhões de quilômetros quadrados da plataforma não sairia por menos de US$ 2,5 bilhões, "e exigiria frota armada compatível", diz o militar.

O plano original de desenvolvimento de submarinos nacionais foi iniciado em 1982 e resultou na incorporação de cinco navios. Quatro são da classe Tupi, de tecnologia alemã transferida por um consórcio de estaleiros para o Arsenal da Marinha, onde três deles foram fabricados. O quinto é do tipo Tikuna, um pouco maior e com peculiaridades técnicas criadas por engenheiros brasileiros. Lançado em março de 2005, ainda está recebendo componentes e sistemas eletrônicos de bordo.

Além do congelamento do programa do SMB-10, o Comando da Marinha estuda meios para paralisar outros empreendimentos. A pesquisa nuclear, que permitiu ao Brasil o domínio do ciclo do combustível atômico, precisa de cerca de US$ 1,04 bilhão em parcelas anuais de US$ 130 milhões até 2014. Há outras áreas sob risco – inclusive os serviços de segurança para a navegação e de assistência médica à população ribeirinha da Amazônia. Em caráter de urgência, segundo revelou o Estado, seria preciso que o presidente Luis Inácio Lula da Silva determinasse a liberação de US$ 600 milhões extra-orçamento. É a primeira parcela de um total de US$ 2,57 bilhões que o comandante da força, almirante Roberto de Carvalho, precisa para evitar o colapso.

Nota Editor – DefesaNet ocorreu em uma simplificação na análise. O SMB-10 é um projeto tendo com base a experiência do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, na produção de submarinos diesel-elétricos, ou seja propulsão convencional. É uma etapa anterior ao submarino de propulsão nuclear, porém teria alterações estruturais, para o casco servir de testes para o futuro submarino e a instalação do reator nuclear.

Essa decisão abre a possibilidade de a MB partir para uma compra direta com absorção de tecnologia, da mesma maneira que foi na década de 80 com os alemães IKL 1400. Um foi comprado diretamente na Alemanha e outro três produzidos no AMRJ. Recentemente foi lançado o S-34 Tikuna que inclui alterações de projeto sobre o IKL-1400 inicial.

Os candidatos são o submarino francês Scorpene e os alemães U-212/U-214. Ambos os projetos incluem técnicas avançadas de propulsão que dão maior autonomia em navegação submersa.

Os trabalhos no reator nuclear permanecem, ver artigo divulgado sobre etapa cumprida no LABGENE.

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