A Marinha do Brasil avançou em mais uma etapa do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). O marco desta nova fase aconteceu nesta terça-feira, dia 20, no Complexo Naval de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro (RJ), quando o Presidente da República, Michel Temer, acompanhado do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, acionou o mecanismo simbólico que uniu duas partes da embarcação.
O ato marcou o início da montagem final do Submarino “Riachuelo”, o primeiro dos quatro submarinos convencionais do PROSUB a ter unidas todas as seções que formam o casco e os sistemas já instalados em cada uma delas. A fase, de elevada sofisticação tecnológica, é a última antes do lançamento do submarino ao mar, previsto para o segundo semestre deste ano.
O presidente Michel Temer destacou a importância da construção do submarino. “Vamos avançando a passos firmes em um projeto abrangente e ambicioso. O PROSUB é peça chave não apenas na política de Defesa, mas também em nossa estratégia de desenvolvimento científico e tecnológico. Estamos escrevendo mais um capítulo em defesa da soberania nacional. Afinal, proteger nosso vasto patrimônio marítimo, na verdade, é proteger recursos vitais para a nossa economia”, declarou.
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Presidente Michel Temer acionando o botão de união das seções, acompanhado do Comandante da Marinha e de demais autoridades |
Temer enfatizou também que os benefícios do PROSUB vão além da esfera militar, uma vez que a construção do submarino de propulsão nuclear, prevista para 2023, com tecnologia totalmente brasileira, abrirá novas fronteiras para a Medicina e para a matriz energética, além de contribuir para a criação de empregos com mão de obra especializada.
Para o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, a construção dos submarinos representa soberania, uma vez que aumenta a capacidade de dissuasão do país. “O Brasil é um defensor da ordem internacional e do Direito Internacional dos povos. Nós respeitamos a soberania e não aceitamos a solução pela força e nem a ingerência, seja de quem for e por qual motivo. Mas, infelizmente, na ordem internacional prevalece a anarquia e não o direito.
Por isso, o Brasil precisa de capacidade de dissuasão para defender a sua soberania, o seu território e os seus interesses. Embora pacífico, não é desarmado e nunca será desarmado na defesa de seu povo e dos seus interesses”, afirmou. Já o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, ressaltou a importância do projeto na recuperação da capacidade do país em produzir submarinos.
“O PROSUB constitui a base de conhecimento, para que, junto com o Programa Nuclear da Marinha, consigamos avançar com o projeto em andamento de construção dos submarinos de propulsão nuclear. Esses meios, quando concluídos, serão integrados à Esquadra e empregados na defesa dos interesses marítimos brasileiros. Um país cada vez mais dependente do mar para a sua prosperidade jamais poderá prescindir de uma força naval moderna e capacitada”, concluiu.
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Comandante da Marinha entrega protótipo do Submarino “Riachuelo” ao presidente Temer
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A construção
O PROSUB prevê, além da construção concomitante dos quatro submarinos convencionais, o projeto e a construção do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear e a infraestrutura necessária à construção, operação e manutenção de ambos os modelos.
A montagem dos submarinos envolve elevada sofisticação tecnológica e o projeto conta com a participação de universidades e centros de pesquisa, fomentando o desenvolvimento tecnológico e de materiais do país. Os segmentos foram construídos na Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem), também em Itaguaí (RJ), e foram transportados em três etapas.
A primeira, no dia 14 de fevereiro, levou para o local da montagem, distante cinco quilômetros do local de fabricação, uma parte com 39,86 metros de comprimento, 12,30 de altura e pesando 619 toneladas. A segunda parte, com 18 metros de comprimento e 370 toneladas, foi transportada no dia 4 de fevereiro. O último segmento, com 14 metros e 190 toneladas, foi movimentado no dia 8 de fevereiro.
O Brasil conta atualmente com cinco submarinos, sendo um da Classe “Tikuna”, construído no Brasil e que ficou pronto em 2008, e quatro da Classe “Tupi”, sendo o primeiro construído na Alemanha entre 1987 e 1989 e os outros três, iguais ao alemão, montados no Brasil, mas sem transferência de tecnologia, nas décadas de 1990 e 2000.
Fotos: NOMAR / MB