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Marinhas de Argentina e Chile cooperam na Antártida

Julieta Pelcastre

As Marinhas da Argentina e do Chile são reconhecidas internacionalmente pela proficiência em proteger as águas da Antártida quando ocorrem acidentes e na realização de missões de busca e salvamento.

Agora, as duas forças navais estão trabalhando juntas para proteger o meio ambiente da região antártica e para ajudar embarcações em perigo por meio da Patrulha Naval Antártica Combinada (PANC).

Este é o 17º ano que as duas marinhas participaram da PANC.

Em 1998, Argentina e Chile assinaram um acordo para realizar patrulhas conjuntas na região antártica entre os meridianos 10 e 131 a sul do paralelo 60, para proteger vidas humanas no mar conforme estabelecido pela Convenção Internacional de Busca e Salvamento Marítimo de 1979, de acordo com o site Centro Naval .

As duas marinhas realizam a missão conjunta de 15 de novembro a 15 de março a cada verão austral desde a temporada 1998-1999. Para realizar operações em águas abrangidas pelo Tratado da Antártida, as duas marinhas conduzem patrulhas e atividades como missões científicas, para proteger o meio ambiente da região. Forças navais argentinas e chilenas estão disponíveis para resgatar os tripulantes de qualquer navio na região que se encontrar em dificuldades.

A missão é dividida em quatro períodos. A marinha de um país assume o comando de operações como patrulhas por um período de tempo, depois passa a responsabilidade para a marinha do outro país. Cada uma das marinhas é responsável pelas operações por dois períodos; elas também realizam exercícios conjuntos de treinamento.

As duas marinhas estão trabalhando juntas em uma região complicada onde ocorrem condições meteorológicas extremas como ventos fortes e águas geladas que podem desativar barcos.

As duas marinhas ajudam um navio polonês

Esse treinamento valeu a pena recentemente, quando as Marinhas da Argentina e do Chile trabalharam juntas para ajudar um veleiro polonês que estava em perigo.

Em 23 de dezembro de 2014, o navio da Marinha argentina Aviso ARA Suboficial Castillo prestou assistência a um veleiro polonês cuja tripulação enfrentava difíceis condições de navegação, incluindo ventos de até 74 km/h, gelo à deriva e visibilidade reduzida.

A operação foi realizada em coordenação com a Marinha do Chile, que informou a localização do barco polonês. Os marinheiros argentinos resgataram os seis tripulantes que estavam a bordo veleiro polonês.

Não foi a primeira vez que as duas marinhas trabalharam juntas durante uma operação da PANC para ajudar um navio em perigo ou dar uma resposta rápida para diminuir danos ambientais após um acidente.

Operações anteriores bem-sucedidas

Desde a primeira PANC, as Marinhas da Argentina e do Chile já trabalharam em conjunto em 27 ações de apoio na Antártida, de acordo com o site Ushuaia .

Dentre estas ações estão:

* Em 17 de abril de 2013, a Marinha do Chile respondeu rapidamente para evitar danos ambientais às águas onde um navio de pesca chinês incendiou-se.

* Em 8 de fevereiro de 2012, a Marinha da Argentina prestou assistência humanitária, técnica e mecânica ao veleiro norueguês Anne Mari que estava ancorado em Puerto Paraíso, incapaz de continuar sua viagem por causa de uma falha no sistema de navegação, informou o Sur 54 .

* Em 23 de novembro de 2007, o navio quebra-gelo chileno Viel dispersou mecanicamente uma mancha de óleo medindo cerca de 180 metros por 20 metros, de acordo com a BBC World. O vazamento de óleo foi causado por um navio cruzeiro que atingiu um iceberg que perfurou seu casco.

Décadas de operações na Antártida

Ambas as marinhas estão ativas na região antártica há décadas. Por exemplo, a Argentina vem realizando pesquisas científicas na região desde a década de 1950.

A Marinha do Chile tem realizado missões, incluindo pesquisas científicas, na zona antártica desde 1947. A Marinha do Chile fornece apoio logístico para bases científicas do seu país, bem como a missões científicas estrangeiras. A Marinha chilena também combate a contaminação marinha através da realização de estudos hidrográficos.

Aquecimento global aumenta nível de perigo

Desde a assinatura do acordo de criação da PANC, o aquecimento global derreteu grande parte do gelo na região, o que tornou a área mais navegável para navios, de acordo com Juan Belikow, professor de Relações Exteriores, Defesa e Segurança Internacional da Universidade de Buenos Aires, na Argentina.

Consequentemente, a iniciativa PANC cresceu em importância.

“O fato de que a região da Antártida está mais navegável porque há menos gelo a torna mais interessante, mas também mais arriscada porque há deslocamentos súbitos de gelo e icebergs flutuantes de modo mais concentrado do que no passado, então a probabilidade de acidentes e desastres ecológicos é maior”, afirmou o professor.

“Isto significa que as operações de resgate devem ser mais rápidas e precoces o possível. Os atrasos também têm impactos econômicos. Se um navio retido na Antártida for perdido, é uma enorme perda econômica e também pode causar danos ambientais, não apenas pelo combustível que pode vazar, mas também pela carga que está sendo transportada.”

“[A PANC] é altamente operacional. Ambas as Marinhas têm oficiais muito capazes e altamente treinados. O trabalho e o desempenho são excelentes, com o reconhecimento de organizações internacionais.

Ao trabalhar em cooperação, as Marinhas da Argentina e do Chile protegem o meio ambiente na região antártica.

“Os novos desafios para a PANC são de natureza global, particularmente devido à grande quantidade de massas de gelo que podem ser encontradas em áreas onde anteriormente não eram encontradas. É uma boa oportunidade para desenvolver protocolos para enfrentar esses novos desafios. Até agora, os países têm sido cooperativos a respeito dessa questão.

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