Eduardo Szklarz
Cerca de 1.000 militares da Marinha Argentina simularam a resposta a uma ofensiva militar durante a Operação Poseidon, de 21 a 23 de novembro, na Base de Fuzileiros Navais Baterías, na província de Buenos Aires.
Todas as unidades da Força de Fuzileiros Navais da Frota de Mar (FAIF, por sua sigla em espanhol) foram mobilizadas para um possível combate na praia, utilizando botes, veículos anfíbios e batalhões de artilharia.
“Simulamos a presença de um inimigo a fim de avaliar as decisões táticas dos comandantes subordinados”, disse o Capitão de Mar e Guerra Daniel Recabeitia, segundo comandante da FAIF, à Diálogo.
Embora a operação tenha sido realizada em uma base da província de Buenos Aires, a situação fictícia tinha sido pensada para a Ilha Grande da província da Terra do Fogo, no extremo sul argentino, por se tratar de um setor insular.
Ofensiva inimiga
“Simulamos que o inimigo havia consolidado uma cabeça de praia no setor norte da ilha, à espera de forças maiores, para posteriormente se projetar ofensivamente até o sul”, informou o CMG Recabeitia.
Então, a FAIF criou uma força de desembarque integrada pelo Batalhão de Fuzileiros Navais N.o 2, Batalhão de Comunicações, Agrupamento de Comandos Anfíbios, pela Companhia de Engenheiros Anfíbios, pelo Batalhão Antiaéreo, Batalhão de Veículos Anfíbios, Batalhão de Comando e Apoio Logístico e pelo Batalhão de Artilharia de Campanha. “A força de desembarque consolidou uma cabeça de praia em um setor central da ilha, para permitir o posterior desembarque administrativo de forças maiores”, disse o CMG Recabeitia.
Por sua vez, o inimigo contava com caminhões médios e pesados, veículos de exploração blindados e tropas de infantaria, todos eles concentrados na cabeça de praia conquistada em território argentino.
A direção do exercício planejou a impossibilidade do desembarque de forças maiores argentinas devido a condições meteorológicas adversas. Por isso, o contingente inimigo continuava sendo mais numeroso.
A situação motivou a atribuição de uma nova tarefa à força de desembarque: executar um movimento para estabelecer contato com o inimigo e, uma vez estabelecido esse contato, iniciar uma operação de retardo para prolongar esse movimento até a chegada dos reforços argentinos.
Ação de retardo
“A ação de retardo é uma operação complementar que busca ganhar tempo, cedendo o menor espaço possível. Nessa ação, demora-se e desgasta-se o inimigo”, disse o CMG Recabeitia. Além disso, o oficial informou que os militares argentinos utilizaram veículos anfíbios de esteira, de exploração, mecanizados, Hummer e com artilharia.
Enquanto a força de desembarque executava a ação de retardo, o Batalhão de Artilharia de Campanha (BIAC, por sua sigla em espanhol) e o Batalhão Antiaéreo (BIAA, por sua sigla em espanhol) fizeram disparos com munições reais em apoio às unidades de primeira linha que manobravam. “Devido a questões relativas ao exercício e à segurança, o tiro não foi dado sobre tropas próprias mas em um lugar seguro e em coordenação com a manobra das unidades de primeira linha”, esclareceu o CMG Recabeitia.
O BIAC disparou com canhões de 155 milímetros em apoio à Infantaria, enquanto o BIAA deu tiros com canhões de 40/70 contra um alvo aéreo rebocado, fornecido pela Força Aérea argentina. Depois de um tempo, com a melhora das condições climáticas, uma força argentina maior desembarcou e desalojou o inimigo. “No total, mil efetivos participaram do exercício e os resultados foram altamente satisfatórios”, disse o CMG Recabeitia.
Planejamento anfíbio
A Operação Poseidon foi a materialização de uma etapa de planejamento, realizada nas instalações da FAIF em outubro de 2016, com a participação de unidades do Comando da Frota de Mar e da Força Aeronaval Nº 2.
Na entrevista com a Gaceta Marinera, portal oficial de notícias da Marinha da Argentina, o Capitão de Mar e Guerra Bernardo Noziglia, comandante da FAIF, explicou que a etapa anterior foi um “exercício mental” para que os oficiais mais jovens tivessem a oportunidade de apreciar a elaboração da missão.
“O planejamento anfíbio é um dos exercícios mais complicados, devido a todas as interações que há entre os componentes”, afirmou o CMG Noziglia.
“É uma operação muito complexa que exige muita coordenação”, acrescentou o oficial. “Para poder levar adiante essa operação anfíbia e terrestre, foi necessária uma integração de todos os componentes [da força], que se conseguiu concretizar graças ao trabalho parcial de cada um durante o ano.”
Projeção do poder naval
Os oficiais argentinos também destacaram a importância da Operação Poseidon para a segurança da Argentina e da região.
“Além de ser fundamental para o treinamento, a execução desse tipo de atividade permite colocar os planos à prova, obter dados logísticos, verificar as comunicações e o planejamento de uma operação tão complexa como é a operação anfíbia”, disse o CMG Recabeitia.
“O exercício é muito importante para a defesa de nosso país, já que estamos exercitando e consolidando a capacidade de projeção do poder naval da Marinha da Argentina em nosso extenso litoral marítimo ou ribeirinho”, finalizou.