Os lixões em Santa Luzia e em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), estão colocando em risco os pousos e decolagens de aviões e helicópteros nos aeroportos de Confins e da Pampulha. Restos de alimentos e até animais mortos jogados em terrenos inadequados estão atraindo aves nos locais onde há grande movimento de aeronaves. O alerta é do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), em Brasília (DF). As informações são do Hoje em Dia.
Em todo o ano passado, foram 24 ocorrências em Minas Gerais de aves que bateram ou provocaram suspensão do pouso ou causaram o desvio das rotas de aviões e helicópteros. Neste ano, até a semana passada, o Cenipa tinha registrado 31 ocorrências, um aumento de 29,1%. Em Confins, foram oito casos neste ano e 16 em todo o no ano passado. Na Pampulha, seis relatos de pássaros na aproximação dos aviões na pista, contra três em todo o ano passado.
Um dos choques ocorreu no dia 26 de janeiro deste ano, quando um avião da Trip estava a três minutos da pista do Aeroporto da Pampulha. O motor da aeronave, um ATR-42, com capacidade de 42 lugares, foi atingido por um urubu. Com o acidente, o avião teve que ser levado para manutenção. Segundo consta no relatório do Cenipa, ninguém ficou ferido, mas causou pânico ao piloto, que não teve seu nome revelado.
Em Montes Claros, no norte de Minas, onde os resíduos são jogados em um lixão, foram notificados ao Cenipa neste ano cinco casos de aviões que bateram em urubus. Em 2010, ocorreu apenas um registro deste tipo de ocorrência no município.
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, foram dois casos neste ano e um no ano passado. Segundo o Cenipa, no município a presença de aves nas proximidades do aeroporto estaria sendo causada pelo desmatamento.
Segundo o coronel Franz Matheus, da Divisão de Aviação Civil do Cenipa, a têndência é de um aumento de choques de pássaros por causa dos lixões e dos desmatamentos que provocam a presença de pássaros procurando alimentos nas áreas urbanas.
– Os lixões precisam ser eliminados para amenizar o problema.
Segundo o oficial, o choque de aves nos motores ou turbinas pode provocar a queda da aeronave. Relatório do Cenipa mostra que neste ano foram 1.264 de aves que bateram ou causaram mudança na rota das aeronaves. Em todo o ano de 2010 esse número chegou a 1.366.
São Paulo é o Estado com o maior quantidade de ocorrências (256), seguido pelo Rio de Janeiro (130), Ceará (91) e Santa Catarina (90). Outra revelação do Cenipa é a de que 214 choques foram no motor da aeronave, 128 na fuselagem e 113 na asa. Do total de ocorrências do ano passado, 245 foram durante as decolagens e 146 no pouso.
Além das aves, os pilotos estão sendo obrigado a desviar de linhas de pipa com cortante, que podem danificar as asas ou a hélice das aeronaves. O laser também é um problema para os pilotos, que podem ficar com a visão ofuscada, uma vez que o feixe de luz chega a até 6 km de distância.