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Intendência na Força Aérea Brasileira: Guardiã do Apoio Logístico

A Intendência abrange Administração, Contabilidade e Finanças, conferindo amplas oportunidades aos Oficiais Intendentes. Sua atuação transversal abrange diversas áreas da FAB

Agência Força Aérea, por Tenente Eniele

No dia 23 de agosto, comemora-se o “Dia da Intendência da Aeronáutica”. Esta data rememora os 78 anos da criação do Serviço de Intendência da Aeronáutica e a Diretoria de Intendência, ocorrida em 23 de agosto de 1945.

A Intendência da Aeronáutica, todavia, nasceu antes, junto com o Ministério da Aeronáutica, quando o então ministro Salgado Filho designou uma comissão, composta pelo Capitão-de-Mar e Guerra Intendente Naval Luiz Barreto Alves Ferreira, pelo Major Intendente do Exército José Epaminondas de Aquino Granja e pelo bacharel Mário de Morais Paiva, para elaborar um esboço de organização dos serviços de contabilidade do Ministério da Aeronáutica. Essa comissão representa a gênese da Intendência da Aeronáutica.

Desde a sua criação, até os dias de hoje, a Diretoria de Intendência sofreu diversas reestruturações ao longo de sua existência até alcançar a configuração atual, como Diretoria de Administração da Aeronáutica (DIRAD).

Segundo o Diretor de Administração da Aeronáutica, Major-Brigadeiro Intendente Marcelo Brasil Carvalho da Fonseca, atualmente, a DIRAD vai muito além das atribuições originais da Diretoria de Intendência. Herdou dela relevantes Sistemas, como o de Pagamento de Pessoal, Subsistência, Provisões, Intendência em Campanha e Fardamento Reembolsável e ampliou, com os sistemas de Próprios Nacionais Residenciais, Transportes de Superfície e Hotéis de Trânsito, a sua atividade sistêmica.

Somado a isso, foi atribuída à DIRAD a responsabilidade pela normatização do apoio administrativo das Organizações Militares da FAB. “Por fim, a DIRAD possui, ainda, um total de 24 Organizações Militares subordinadas, divididas em Grupamentos de Apoio, Prefeituras, a Base de Recepção de Veteranos, o Centro de Aquisições Específicas, a Fazenda de Aeronáutica de Pirassununga e o Grupamento de Apoio Logístico de Campanha”, explica o Major-Brigadeiro Fonseca.

Suporte nas operações logísticas e aéreas

No complexo cenário das operações logísticas e aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB), a atuação da Intendência emerge como um elemento essencial, desdobrando-se em duas abordagens fundamentais. A primeira, de caráter indireto, concentra-se nas atividades de apoio administrativo voltadas para a sustentação das organizações militares e do pessoal, enquanto a segunda abarca as funções cruciais para as operações aéreas.

No âmbito do primeiro cenário, destaca-se o papel da Intendência nas áreas de gestão patrimonial, financeira, orçamentária, subsistência, licitações e contratos. Estas atividades fornecem um suporte inestimável para o funcionamento eficiente das Organizações Militares do Comando da Aeronáutica (COMAER), sustentando a infraestrutura sem a qual a operacionalidade seria inviável.

Nesse contexto, destacam-se as contribuições recentes que incluíram a participação no Projeto Lessônia, que resultou no lançamento de satélites de imageamento de última geração a partir do Centro de Lançamento Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral. Assim, a atuação da Intendência nas funções logísticas demonstra avanços significativos, tanto nas operações aéreas quanto nas missões em locais remotos.

Na esfera das operações aéreas, o foco permanece na garantia de que a aeronave possa decolar com segurança e eficácia. Isso envolve o fornecimento de equipamentos de voo para a tripulação, o abastecimento de combustível e a coordenação de todo o suporte necessário para a operação.

Nesse sentido, pode-se ressaltar a participação ativa da intendência na viabilização de projetos estratégicos da Força Aérea. Um exemplo notável é o KC-30 – a mais nova aeronave de transporte da FAB, atualmente operando no Segundo Esquadrão do Segundo Grupo de Transporte (2º/ 2º GT – Esquadrão Corsário). Desde a análise de viabilidade até a fase de contratação, a Intendência foi um elo crítico, mantendo uma colaboração estreita com Órgãos de Controle Internos e Externos, como o Tribunal de Contas da União (TCU), garantindo assim uma contratação bem-sucedida e em conformidade. Além disso, a Intendência também teve um papel organizacional determinante na aquisição de mísseis para a aeronave F-39 Gripen, demonstrando comprometimento e eficácia mesmo diante de prazos desafiadores.

Braço operacional da Intendência

O braço operacional da Intendência é coordenado pelo Sistema de Intendência em Campanha, dessa forma, o Grupamento de Apoio de Logística de Campanha (GALC) apresenta-se como o elo operacional logístico da Intendência no apoio às unidades desdobradas nos mais diversos tipos de terrenos do território nacional, seja em situações de treinamento, adestramento ou em missões reais, tendo como seu principal objetivo prestar o apoio de alimentação, higienização e alojamento, buscando desta forma prover o máximo de conforto e bem estar para a tropa, pontos cruciais para que se atinja o mais alto nível de desempenho e produtividade dos militares em missão.

Tratando-se deste escopo, atualmente, pode-se citar diversas missões apoiadas, dentre elas: Exercício de Campanha do CPOR-SJC, Exercício de Campanha CAMAR/ CADAR/CAFAR, Curso Prático de Intendência em Campanha (Cadetes 4º Ano), Ação Cívico Social (ACISO), Exercícios de Campanha da EPCAR (1º, 2º e 3º ano), LAAD, Exercícios de Campanha do SEREP-RJ, Exercícios de Campanha do CFS, Exercícios de Campanha do EAGS, Exercícios de Campanha dos Recrutas (GSD-AF), Aniversário de Santos Dumont (MUSAL), Corrida de Santos Dumont (CDA), EXCON Tápio, Curso Prático de Logística de Campanha (Operadores) e EXCON ESCUDO-TÍNIA.

De acordo com o Chefe do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha, Tenente-Coronel Intendente Anderson Damião Moraes Dias pode-se destacar o Exercício de Campanha de Emprego de Logística, Saúde e Intendência Operacional (EXCELSIOR 2023), realizado em Manaus (AM), que apoiou uma missão ACISO sobre balsas navegando no Rio Negro (AM), prestando atendimento de saúde às populações ribeirinhas do distrito de Moura, por três dias, e do Município de Barcelos (AM), por cinco dias. A missão foi finalizada no dia 18 de junho, destacando-se a logística para o transporte de aproximadamente 64 toneladas de materiais.

“O apoio logístico de campanha, prestado pelo GALC, por meio da UCI, representa a expressão vibrante e operacional de nossa Intendência, sempre focada em prestar um apoio de excelência, onde a FAB estiver e onde o Brasil precisar! Como Chefe do GALC, sinto-me honrado em fazer parte de tão nobre missão, sendo revigorante e gratificante labutar ao lado de uma equipe extremamente motivada em bem servir!”, relata.

Formação dos Profissionais

A Academia da Força Aérea (AFA), localizada em Pirassununga (SP), tem como missão a formação de Oficiais Aviadores, Intendentes e de Infantaria, os quais são instruídos para desempenhar, ao longo de suas carreiras, a missão de liderar e conduzir as atividades de Força Aérea.

Em especial, o quadro de Intendência é vocacionado para exercer todas as atividades logísticas necessárias para o cumprimento da missão institucional da FAB.

Na AFA a formação desses futuros líderes e gestores se dá por meio do curso de administração pública, somada a um forte planejamento das tarefas logísticas focadas na preparação e suporte às atividades eminentemente militares.

Nesse escopo, as instruções teóricas e acadêmicas se mesclam e se complementam com atividades e exercícios de natureza militar, como o salto de emergência de aeronave com o uso de paraquedas militar, a realização de sobrevivências na selva e no mar, além de atividades de campanha.

De acordo com o Comandante do Corpo de Cadetes da AFA, Coronel Aviador Allan Domingues de Mendonça é necessário mencionar que a formação moral e a ratificação dos valores da Instituição são aspectos diuturnamente estimulados, refletidos e fortificados, pois a formação ética, calçada no Código de Honra dos Cadetes – Coragem, Lealdade, Honra, Dever e Pátria – é a bússola moral que conduz os passos dos futuros Oficiais egressos do Ninho das Águias.

“Em suma, o Cadete Intendente será, como futuro Oficial, responsável por gerir e prover os meios a toda Força Aérea, com vistas ao cumprimento de nossa missão de defender o espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas a defesa da Pátria. Eis a dimensão do desafio e da responsabilidade dos homens e mulheres que carregam, com orgulho e honra, o Acanto em seus ombros”, explica.

Formada pela AFA, a Capitão Intendente Ibsan Deyse Santos Silva relata que, no exercício dessas funções, as atitudes mais importantes são aquelas relacionadas à conduta ética e moral, intimamente ligadas à gestão de recursos públicos.

“Desde muito cedo, foi fundamental a habilidade para liderar e chefiar equipes. A condução de numerosos efetivos, em atividades de grande relevância na missão da Organização, requer ao Oficial intendente a capacidade de gerir pessoas, equilibrando os óbices e potencialidades da equipe para obter êxito na missão” relata a Oficial que ainda salienta que lidar com circunstâncias adversas sempre exigiu pensamento analítico e inovação. “Adaptar-se às conjunturas, sem prejudicar a retidão exigida pelas normas e princípios éticos, foi uma habilidade incondicional ao longo da carreira”, conclui.

Intendentes nas Missões de Paz

Os militares das Forças Armadas, inclusive os intendentes, podem ser empregados em diversos tipos de missões, como oficial de Estado-Maior, Observadores Militares, Oficiais de Ligação dentre outros, onde podem trabalhar em diversas funções, com destaque para a célula de oficial logístico (U4/G4), em estreita colaboração com outras unidades militares, policiais, civis e agências a fim de contribuir para a promoção da paz, estabilidade do país e garantia dos Direitos Humanos.

Segundo a Tenente Coronel Intendente Luanda dos Santos Bastos: “foram experiências operacionais muito enriquecedoras, onde eu tive a oportunidade de colocar em práticas muitos ensinamentos acumulados ao longo da minha carreira, reforçar valores militares, como por exemplo o patriotismo e liderança, aprender a trabalhar num ambiente multicultural com diversos desafios que eu não estava acostumada a enfrentar e, principalmente, observar de mais perto como o apoio logístico é empregado numa missão real. Participar de Missões de Paz me fez despertar mais o interesse no lado operacional da Força”.

Preito aos Jambocks

Este ano, a DIRAD teve a iniciativa de evocar a memória desses valorosos Oficiais Intendentes, inaugurando em suas instalações o “Preito aos Jambocks”, um espaço destinado a homenagear os heróis de guerra do Quadro de Oficiais Intendentes da Força Aérea Brasileira, que dedicaram suas vidas combatendo e apoiando o combate, movidos pelo ideal de um mundo livre e mais justo. O sacrifício deles jamais será esquecido.

Tal homenagem reveste-se de um significado que vai muito além do mero registro histórico. O “Preito aos Jambocks” constitui justa e necessária homenagem àqueles que, mesmo à retaguarda, tornaram possível a prevalência do mundo livre sobre o totalitarismo e o triunfo da democracia sobre a tirania.

Na galeria de retratos do “Preito aos Jambocks” da DIRAD, encontram-se os rostos dos seis Oficiais Intendentes que integraram o primeiro Grupo de Aviação de Caça durante a Segunda Guerra Mundial. São eles:

•Tenente-Brigadeiro Intendente Ovídio Alves Beraldo;

•Coronel Intendente Joaquim Ignácio Lavigne Albernaz;

•Brigadeiro Intendente Cauby de Paiva Guimarães;

•Segundo Tenente Intendente Alfredo de Amaral Barcellos;

•Major-Brigadeiro Intendente Milton Lemos Camargo; e

•Coronel Intendente Paulo Guizan Gonçalves

Fotos: DIRAD; Sargento Fiqueira e Sargento P. Silva

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