Domingos Zaparolli
A Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) calcula que adequar todo o complexo aeroviário brasileiro à demanda projetada para 2020 exigirá investimentos de R$ 26 bilhões a R$ 36 bilhões das companhias aéreas, que terão que adquirir 526 novas aeronaves, levando a frota brasileira crescer de 450 para 976 aviões. Os investimentos em infraestrutura aeroportuária deverão alcançar entre R$ 42 bilhões e R$ 57 bilhões.
Diferente da estimativa do BNDES, que se concentrou apenas nos 20 principais aeroportos do país, para os quais previu investimentos entre R$ 24,5 bilhões e R$ 33,6 bilhões até 2030, a Coppe também calculou os recursos demandados para a expansão de outros 27 aeroportos de médio porte e ainda detectou a necessidade de construção ou reativação de mais 73 terminais, sendo 17 com expectativa de movimentar mais de um milhão de passageiros por ano, 23 aeroportos com potencial entre 500 mil e um milhão de passageiros, e outros 33 para até 500 mil passageiros.
A construção de novos aeroportos, segundo o estudo, deverá atender principalmente a demanda gerada pela interiorização econômica do país impulsionada pela agroindústria, tanto no Centro-Oeste, como nas novas fronteiras agrícolas nordestinas e do Oeste de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
A previsão da Coppe para 2020 é que o número de passageiros nacionais e internacionais chegará a 211 milhões, total significativamente superior ao calculado pelo BNDES, que prevê um mercado de 195 milhões de passageiros naquele ano. Em qualquer uma das duas previsões, uma reestruturação das rotas de voos será necessária, com a criação de 316 novas rotas domésticas diretas, que passariam de 479 para 795.
O estudo da Coppe, realizado sob encomenda da Associação Brasileira das Empresas aéreas (Abear), também constatou a necessidade de investir em controle de tráfego aéreo. "Além de gerar segurança é uma forma de aumentar a capacidade do sistema aéreo brasileiro", diz Ronaldo Jenkins, diretor de segurança e operações Abear. Hoje, uma viagem feita na ponte aérea entre Rio e São Paulo consome uma hora de voo, mas poderia ser realizada em 30 ou 35 minutos, exemplifica o executivo.
Segundo a Abear, o Brasil já é o terceiro maior mercado de voos domésticos do mundo, tendo transportado 81 milhões de passageiros no ano passado em voos nacionais, número ligeiramente superior ao do Japão, que transportou 80 milhões. A China, com 256 milhões de passageiros transportados dentro de seu território, é o segundo maior mercado e a liderança é dos Estados Unidos, que transportou 625 mil passageiros em voos domésticos.