Começa na próxima segunda-feira (02/03) a Operação Carranca IV, considerado o maior exercício de Busca e Salvamento (SAR, do inglês Search and Rescue) da América Latina.
Até o dia 13 de março, mais de 350 militares vão participar de treinamentos no mar e na terra, com a finalidade de trocar experiências e nivelar o conhecimento. A operação, que ocorre na Base Aérea de Florianópolis (BAFL), é uma preparação para as missões reais de busca e salvamento.
Durante duas semanas, aviões de busca, helicópteros de salvamento e um navio da Marinha receberão diversas missões, como localizar e resgatar náufragos, embarcações à deriva, aeronaves acidentadas e pilotos ejetados.
A Força Aérea Brasileira vai empregar os helicópteros H-1H, H-34 Super Puma, H-60 Black Hawk e os aviões SC-105 Amazonas, P-95 Bandeirulha e P-3AM Orion. O trabalho será gerenciado por dois Centros de Coordenação de Salvamento destinados às missões no mar e na terra.
Coordenado pelo Subdepartamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o treinamento envolve diversas unidades do Comando da Aeronáutica, entre elas: os cinco Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáutico do Brasil, conhecidos como Salvaeros; a Segunda Força Aérea (FAE II); o Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1° GCC) e a BAFL.
Participam também a Marinha do Brasil, o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, a Petrobras e o Grupo de Apoio à FAB (GAFAB).
O exercício pretende servir, ainda, de fórum de discussões e de laboratório para a elaboração de novas doutrinas para a atividade SAR, incluindo treinamento exclusivo de coordenação e execução das missões componentes das operações de salvamento.
O termo “Carranca” refere-se à alcunha do Major Médico Carlos Alberto Santos – militar do Esquadrão Pelicano e do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento, ambos localizados em Campo Grande (MS), cuja vida foi marcada pelo comprometimento e obstinação em salvar vidas.
Resgate noturno sobre a água pela primeira vez
O Esquadrão Falcão realizou este mês um exercício operacional inédito no País: a utilização de óculos de visão noturna (NVG) para resgate sobre a água durante a noite. A missão ocorreu na Baía do Guajará, em Belém (PA), e marcou mais uma demonstração da capacidade operacional dos helicópteros H-36 Caracal. A partir de agora, a Força Aérea Brasileira está pronta para realizar atividades de salvamento em qualquer período do dia ou da noite.
Segundo o Major Aviador Mário Jorge Siqueira Oliveira, do Esquadrão Falcão, a falta de referências visuais em missões noturnas e a natural complexidade dos salvamentos sobre a água representaram as maiores dificuldades. “O Esquadrão inaugura uma nova era no grau de operacionalidade da aviação de busca e salvamento do país”, afirma.
O Caracal possui autonomia para realizar atividades como esta a uma distância de até 300km da costa. A importância desse tipo de aeronave nessa missão não se dá apenas pela autonomia, mas pela presença de um dispositivo joystick que permite maior precisão no posicionamento do helicóptero sobre o local em que se encontra a vítima.
Apesar da experiência do Esquadrão em resgate na água em período diurno, diversos fatores tiveram que ser adaptados para a realização desse exercício. Uma das principais modificações se refere à altura do helicóptero sobre a água para o içamento das vítimas, que teve de ser aumentada, devido ao uso do NVG.
“Caso a aeronave fique abaixo de determinada altura, o rotor do helicóptero pode gerar um spray de água que embaça os óculos dos pilotos e tripulantes, comprometendo a execução da atividade”, explica o Sargento Marcelo Rodrigues da Silva. Outra adaptação adotada pelo Esquadrão foi a colocação de hastes fluorescentes, os chamados cyalume, em locais estratégicos da aeronave, para facilitar a orientação das equipes.
O domínio da nova técnica de salvamento foi possível graças ao recebimento do helicóptero H-36 Caracal, em dezembro de 2010. Em 2015, após completar 3,5 mil horas de voo no novo helicóptero, o Esquadrão Falcão atingiu a capacidade operacional necessária para realizar missões de resgate noturno sobre a água, operando NVG.
Os próximos passos são prosseguir com a formação de mais tripulações aptas para executar esse tipo de salvamento e continuar com os ensaios para o içamento na água com uso de maca. No treinamento foi realizado um içamento “duplo molhado”, tanto o homem de resgate quanto a pessoa resgatada são içados juntos, mas sem a utilização de maca.
Para o Comandante do Esquadrão Falcão, Tenente-Coronel Aviador Marcelo Filgueiras de Sena, além do ganho operacional para missões em tempos de paz, a unidade aérea também se torna mais preparada para períodos de conflito. “O resgate noturno sobre a água com NVG consiste em um enorme ganho para a missão de CSAR (Combat Search and Rescue) da Força Aérea Brasileira, uma das principais missões do Esquadrão. Com o uso da nova doutrina, a FAB aumenta a sua capacidade de resgatar tripulações militares e civis em áreas hostis, a qualquer hora do dia ou da noite”, afirma.
Após o início da operação, o exercício poderá ser acompanhado por meio do blog: www.carranca.aer.mil.br