O chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Norton Schwartz, considerou "vergonhosa" a suspeita de irregularidade na licitação vencida pela Embraer para fornecer 20 aviões de combate leve (Super Tucano) e que levou à suspensão definitiva do contrato na terça-feira. Ele afirmou ontem que a Força Aérea norte-americana decidiu cancelar o negócio de US$ 355 milhões vencido pela fabricante brasileira após avaliar que a documentação estava "abaixo do padrão" para a escolha do vencedor, justamente no momento em que se preparava para enfrentar processo judicial movido pela concorrente Hawker Beechcraft, dos EUA.
Analistas acreditam, contudo, que a decisão foi motivada por razões eleitorais, considerando o lobby da indústria norte-americana e as críticas dos rivais do presidente Barack Obama. Schwartz afirmou que a investigação está progredindo e que "alguém terá que pagar pelo que ocorreu", caso seja provado que a questão envolve uma tentativa de direcionar o contrato para a Sierra Nevada Corp, parceira local da Embraer. Schwartz admitiu ainda que o assunto causou "embaraço" e "profunda decepção" entre os militares norte-americanos.
A Embraer reagiu imediatamente, descartando ter havido falhas na documentação. A Força Aérea dos EUA prometeu ontem que vai agilizar a nova licitação para os aviões usados no Afeganistão para não perder os recursos já reservados no orçamento federal e que expiram no ano fiscal de 2013. Enquanto não sai uma solução não avança, a fabricante de aviões foca suas atenções para a aviação executiva no Brasil. "Esperamos capturar uma parcela importante desse mercado", disse Breno Corrêa, diretor de Vendas do segmento na América Latina, Breno Corrêa.