Virgínia Silveira
A despeito da recuperação mais lenta das economias dos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte, algumas regiões do mundo, a exemplo da África, Ásia, Oriente Médio e América Latina, vêm liderando a retomada do crescimento na indústria de aviação. Segundo estudo divulgado pela Embraer sobre a demanda por aeronaves comerciais, na faixa de 60 a 120 assentos, o mercado africano deverá registrar nos próximos 20 anos um crescimento médio anual da ordem de 5,4%.
A marca Embraer está presente no continente africano por meio de 130 aeronaves, operadas por 47 companhias, em 19 países. No segmento de jatos, a região tem 67 aeronaves – entre comerciais e executivas -, distribuídas entre 17 companhias aéreas de 10 países. Em apresentação feita recentemente pela Embraer no Quênia, que comprou cinco jatos E-170 e 10 E-190, a empresa mostrou que 38% dos voos na África são adequados para aeronaves na faixa de 70 a 120 assentos. Além disso, 86% dos embarques intra África têm menos de 110 passageiros a bordo.
Segundo estimativas da empresa, no período de 2010 até 2030, nada menos que 195 jatos de 70 a 120 lugares deverão ser entregues na África – o montante representa 3% do total de jatos dessa categoria vendidos em todo o mundo. Mas a Embraer espera vender muito mais no continente. Nos próximos 20 anos, a expectativa é entregar 780 unidades, das quais 630 serão jatos de diferentes portes.
Entre as diversas empresas que operam aeronaves Embraer estão a Linhas Aéreas de Moçambique (três jatos E-190); South Africa Airlink (cinco jatos E-135); Virgen Nigeria (dez jatos E-190 e um ERJ-145); Quenya (dez jatos E-190); Egyptair (12 jatos E-170); e Líbia (um jato E-170 para uma empresa de petróleo); S .A Airlink (dois E-170); e Petro Air (três E170).
Com 21% de sua base de clientes de E-Jets no Oriente Médio e África, a Embraer começou a intensificar suas campanhas de vendas nessas regiões a partir deste ano. No dia 15 de novembro, a empresa anunciou ter designado uma equipe regional de marketing e vendas para ficar dedicada aos seus negócios na área de aviação comercial na região. Para comandar a nova equipe, nomeou o diretor Mathieu Duquesnoy.
Essa nomeação, segundo a Embraer, aumentará a influência local dos profissionais de gestão estratégica e operacional. O objetivo é dar melhor atendimento às necessidades dos operadores por meio de uma autoridade e de uma infraestrutura regional. Em comunicado divulgado à imprensa, o vice-presidente executivo para o mercado de aviação comercial, Paulo Cesar de Souza e Silva, disse que a família de jatos da Embraer foi bem recebida na região, onde existe um grande potencial para aeronaves de 70 a 120 assentos.
Para apoiar a crescente frota de E-Jets no Oriente Médio, a Embraer informou ter fechado parcerias com algumas empresas. Uma delas é a Egyptair, do Egito, que já comprou 12 E-170 e acaba de ser nomeada como um centro autorizado de serviços da companhia. "Com a criação dessa nova base de apoio para os clientes, as peças de reposição ficarão mais próximas aos centros de operação e vamos melhorar ainda mais o atendimento", disse o diretor de serviços e suporte da Embraer para a Europa, Oriente Médio, África e Ásia Central, Johann Bordais.
A Embraer possui três centros de serviços autorizados no continente africano e cinco de sua propriedade. A empresa também acaba de estabelecer uma parceria com a Kuehne + Nagel, grupo de logística de atuação mundial, para a construção de um novo centro de logística de atuação mundial, a ser instalado em Dubai, que fornecerá peças de reposição para a frota de aeronaves comerciais da Embraer no Oriente Médio e também na África.
O centro logístico de Dubai, que está sendo construído no Aeroporto Internacional Al Maktoum (DWC), ficará pronto em 2012. Com uma área de 16 mil m2, o empreendimento, de acordo com a Embraer, aumentará a capacidade de estocagem para os mercados da Europa, Oriente Médio e África, anteriormente atendidos pelo centro de distribuição existente em Villepinte, na França.
Na África também é grande a demanda por aviões de segunda mão. O continente tem comprado vários aviões dos modelos turboélice Brasília, de 30 assentos,e do jato ERJ-145, para 50 passageiros. De acordo com a empresa, alguns países da África, a exemplo do Senegal, operam o avião agrícola Ipanema, fabricado pela companhia na unidade instalada em Botucatu, no interior de São Paulo, doados pelo governo Lula
Mesmo com o crescimento da demanda por jatos de maior porte, mais econômicos, e de estar saturado, o mercado para aeronaves na faixa de 50 assentos deve ter uma sobrevida de pelo menos 20 anos. Segundo a Embraer, esses aviões ainda desempenham um papel muito importantes para o desenvolvimento da aviação regional em locais como a África, América Latina e Comunidade de Estados Independentes (CEI).