Assis Moreira
A Embraer espera uma ligeira recuperação do mercado de jatos executivos em 2012, após três anos de declínio, e aposta nas oportunidades de mais vendas na China, EUA e América Latina, onde surgem mais milionários.
Entre 2008-2011, o mercado desmoronou 28,7%, segundo a consultoria Teal Group. No ano passado, esse mercado alcançou US$ 16,6 bilhões As vendas recuaram mais 4,7% no primeiro trimestre, somando 122 unidades.
Mas na grande feira anual dos construtores, que se realiza em Genebra, o consenso é de que a aviação de negócios começa um novo ciclo de crescimento tanto nos mercados tradicionais como em novos mercados, sem ignorar riscos na economia global.
"No mínimo, as vendas serão idênticas as do ano passado", afirmou Marco Tulio Pellegrini, vice-presidente de operações e COO da Embraer Executive Jets. Em 2011, 703 jatos executivos foram entregues globalmente, dos quais 99 pela Embraer. A empresa tem 14,1% de parte do mercado.
A projeção da fabricante brasileira para este ano é de vender pelo menos 75 a 85 Phenom (o modelo menor) no mundo inteiro, e de 15 a 20 Legacy, os jatos executivos mais caro.
Sobretudo, a China abre o apetite dos fabricantes. O executivo brasileiro diz que a China está sendo bastante compradora, embora o número de aeronaves não seja grande. E América Latina, particularmente o Brasil, também vem comprando mais.
O fabricantes canadense Bombardier estima que 2.360 jatos de negócios serão entregues na China até 2030 ante uma frota de 150 jatos hoje. No ano passado, metade das vendas desse tipo de aviões da Dassault foi realizada na China, com 36 Falcon encomendados e o mercado se expande.
A Embraer vendeu 14 Legacy na China no ano passado. E aguarda a aprovação do governo chinês, para até metade do ano, para começar a produzir jato executivo no país.
"Estamos na frente dos competidores, com a linha de montagem adaptada e treinando os mecânicos", afirma Marco Tulio. Embraer espera vender entre 6 e 8 unidades inicialmente, a partir de sua fábrica chinesa.
As vendas no Brasil também aumentaram. Só o Phenom no país já são 100. Empresários agrícolas e da construção civil fora do eixo Rio-São Paulo representam um mercado "bastante relevante".
Em Genebra, a Embraer anunciou a entrega do primeiro Legacy para cliente da Arábia Saudita, e a primeira entrega internacional do site dos EUA, um Phenom para um cliente canadense.
A evolução global do mercado depende também do número de compradores que consegue revender seus jatos atuais por um preço satisfatório, para passar a um modelo mais sofisticado.
Um problema sério é o financiamento das aquisições de aeronaves, com os bancos sendo mais exigentes nas condições antes de fechar o empréstimo.
Em todo caso, o estoque de aviões usados diminuiu, sinalizando a redecolagem do setor inteiro: representam agora 12,6% dos cerca de 18.600 jatos em serviço ante 16% em 2009, segundo a empresa francesa Zodiac Aerospace.
Todos os fabricantes trouxeram inovações nos seus produtos e a Embraer não é diferente. A empresa anunciou também o plano de desenvolvimento de duas novas versões do Legacy: o 500, de 3 mil milhas náuticas e cabine de para oito passageiros, que poderá voar no terceiro trimestre e entrar em serviços no fim de 2013 ou começo de 2014. O segundo é o Legacy 450, menor, de seis ocupantes e 2.300 milhas náuticas, com planos um ano depois do Legacy 500.
Por sua vez, Bombardier revelou dois novos aparelhos batizados Learjet 70 e Learjet 75, que deverão ser operacionais no primeiro semestre de 2013.