De ontem (05) até o dia 16 de novembro, a Base Aérea de Natal recebe 280 militares de 12 países para o maior exercício de guerra aérea simulada da América Latina, a CRUZEX C2 2012. No mundo virtual, isso significa que nas duas próximas semanas a área entre Natal e Fortaleza (CE) será uma arena de combate com tudo o que uma guerra envolve, como aviões de combate, cercos, refugiados e até ameaça nuclear.
Tudo, no entanto, vai acontecer só na tela do computador. Na realidade, neste ano a CRUZEX não irá empregar nenhuma aeronave de forma real. O objetivo agora é focar o exercício no Comando e Controle – daí a sigla C2 -, isto é, treinar os Comandantes nas tomadas de decisão necessárias em situações de conflito. Além dos brasileiros, militares da Argentina, Canadá, Chile, Equador, Estados Unidos, França, Reino Unido, Peru, Suécia, Uruguai e Venezuela vão pensar, planejar e discutir missões como se estivessem em uma coalizão do modelo empregado Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em conflitos internacionais.
Esta será a CRUZEX com a maior quantidade de países participantes. Canadá, Reino Unido e Suécia participam do exercício pela primeira vez. “A CRUZEX coloca o Brasil numa posição de liderança militar na América do Sul. Na prática, a vinda da forças aéreas estrangeiras é uma prova do profissionalismo observado desde as últimas edições da CRUZEX. Além disso, é uma importante oportunidade de compartilhar conhecimentos entre os participantes”, afirma o Major Brigadeiro Antônio Carlos Egito, Diretor do Exercício.
Treinamento para Comandantes
Esta é a sexta edição do exercício. A primeira aconteceu em 2002, na região Sul e a terceira, em 2006, no Centro-Oeste. Natal foi sede da CRUZEX em 2004, 2008 e 2010. Todas as edições anteriores tiveram participação de aeronaves brasileiras e estrangeiras. A previsão é de que posteriormente a FAB organize um outro exercício voltado para o treinamento dos pilotos, com a presença dos aviões de caça. A ideia é seguir o modelo empregado por outros países, como os Estados Unidos, que realiza a Red Flag, com aeronaves, e a Blue Flag, exclusivamente de Comando e Controle.
Ao contrário do que pode parecer, no entanto, esse novo modelo de CRUZEX, sem participação de aeronaves e totalmente simulada, proporciona melhores condições de treinamento. “No modelo virtual não há limite de meios. Ou seja, é possível colocar um número praticamente ilimitado de aeronaves voando. Isso torna o exercício muito mais flexível, trazendo novos desafios para as equipes de C2”, explica o Major Brigadeiro Egito. As ações de comando envolvem desde a inteligência até a escolha de alvos e armamentos de acordo com necessidades estratégicas e regras do Direito Internacional de Conflitos Armados.
A guerra aérea simulada acontece a partir de um conflito fictício envolvendo a invasão do país Amarelo por tropas do país Vermelho e a posterior intervenção de uma coalizão liderada pelo país Azul. As forças aéreas aliadas têm que operar de forma coordenada, como em missões autorizadas pelas Nações Unidas. Desde as reuniões de planejamento até a discussão dos resultados de cada missão, a CRUZEX é conduzida de acordo com procedimentos adotados pela OTAN. O cenário criado é muito parecido com conflitos recentes, como os que aconteceram nos Balcãs, Oriente Médio e Líbia, que contaram com participações dos Estados Unidos, França, Canadá e Suécia, países que agora treinam lado a lado com o Brasil e nações da América do Sul.