Rodrigo Brancatelli e Ariel Palacios
A nuvem de cinzas que vem sendo expelida pelo vulcão chileno Puyehue desde sábado causou ontem um dia de caos nos aeroportos de Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. Pelo menos 270 voos foram cancelados na região por causa da presença no ar de material vulcânico, que oferece alto risco aos aviões.
Desde a crise Aérea de 2006 e 2007 não se via no Brasil um índice tão alto de cancelamentos de voos internacionais – das 179 partidas programadas até as 20 horas de ontem, 63 (ou 35,2% do total) não ocorreram. A situação melhorou um pouco no fim da noite: às 23h, os atrasos atingiam 30,6% dos voos. Só a TAM teve 35 voos cancelados no Brasil, em Assunção, Buenos Aires, Montevidéu e Santiago. A Gol cancelou 19 partidas das regiões afetadas.
Em Bariloche, um dos principais destinos turísticos da Argentina, quase todas as residências ficaram sem energia elétrica e água. A expectativa é que a situação melhore a partir de hoje – na tarde de ontem, aeroportos de Argentina e Chile voltaram a funcionar mas, por precaução, a maioria das empresas preferiu não voar.
O aeroporto de Porto Alegre foi o mais prejudicado no País, com 80% de cancelamentos de voos internacionais até as 23h. No fim da tarde, companhias Aéreas não conseguiam encontrar quartos de hotéis suficientes na capital paulista para abrigar passageiros prejudicados – alguns tiveram de seguir para o litoral.
Nuvens. Ainda ontem, a Força Aérea Brasileira informou que as cinzas chegaram ao Rio Grande do Sul, em uma faixa de 5.500 a 7.600 metros de altitude. Uma sala de crise chegou a ser montada no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, com representantes de Anac, Infraero e companhias Aéreas, além de meteorologistas. "Estamos em contato direto com o centro de controle dos EUA e da Argentina, que mandam boletins", diz o diretor do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins. "O problema é que as cinzas são abrasivas e podem causar danos em equipamentos dos aviões, o que pode levar a uma pane elétrica."
Em Buenos Aires, portenhos amanheceram com um céu cinzento provocado pelas partículas vulcânicas. Os governos das Províncias de Neuquén, Río Negro e Chubut distribuíram máscaras cirúrgicas. Em Puerto Madryn, na Província de Chubut, a 800 km de Bariloche, autoridades recomendaram à população não sair de casa. Assustados, moradores correram às farmácias para comprar máscaras. Autoridades também registraram uma corrida aos supermercados para comprar água mineral.