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Céu de brigadeiro para formar piloto

Marinella Castro
ESTADO DE MINAS

Jonathan Barro pilotava avião, mas agora opera helicópteros offshore

O céu está azul e o tempo firme para os pilotos de helicóptero. Apesar de cara, a formação para operar a máquina tem atraído candidatos de todo o Brasil, interessados em salários valorizados e nas chances que crescem no mercado de trabalho, empurradas pelo avanço do número de helicópteros voando e mais ainda pelo que se pode chamar de nova fronteira da profissão: as plataformas de óleo e gás. A busca das empresas desse setor por profissionais do ar tem provocado uma corrida aos cursos de formação.

Números da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram uma explosão da concessão de licenças para voar – elas mais que triplicaram nos últimos cinco anos, passando de 369 habilitações para 1.462. Para ter ideia, em 2007, 170 habilitações foram expedidas para piloto privado. No ano passado, forma 807 licenças, segundo relatório da Anac (veja gráfico).

Para os especialistas, a demanda do mercado de trabalho justifica o crescimento no percentual de habilitações. As plataformas de petróleo devem demandar por ano cerca de 80 pilotos nos próximos 10 anos, com salário inicial variando entre R$ 9 mil e R$ 10 mil, podendo rapidamente chegar a R$ 15 mil. O número que desafia a capacidade brasileira de formação.

Na corrida para atender a demanda, empresas de aviação também passaram a promover a qualificação de pilotos para atender às empresas petrolíferas, mas se haverá pilotos disponíveis essa é ainda uma incógnita. Enquanto um piloto comercial precisa investir cerca de R$ 100 mil para atingir 100 horas de voo, o chamado piloto offshore se habilita a partir de 500 horas e investimentos que superam os R$ 200 mil. "A formação deveria ter o incentivo do governo, como já ocorre em outras áreas, onde o país precisa da qualificação", defende Guilherme Medina, diretor de Recursos Humanos da Líder Aviação, maior empresa no segmento executivo da América Latina.

A Líder, que tem 67 helicópteros em sua frota, opera voos off- shore, isto é, da costa para plataformas de petróleo, de empresas como Petrobras, Shell, Chevron e Statoil. Para atender à demanda, a empresa desenvolveu em parceria com a americana Bristow Academy curso para formação de pilotos, que acontece nos Estados Unidos com duração de 12 meses. Os candidatos devem investir com recursos próprios US$ 100 mil (cerca de R$ 200 mil). Concluído o curso, passam por um processo seletivo e podem ser contratados pela empresa. "Para operar as plataformas é preciso atingir requisitos de qualidade", reforça Medina.

DISPUTA Com o aquecimento da demanda, o segmento, que sempre foi bem mais tímido que o mercado de piloto de aviões, entrou na disputa pelos profissionais. Piloto de avião, Jonathan Barro migrou para o setor de helicópteros há três anos, impulsionado pela boa oferta do segmento. Quando decidiu concluir a sua formação, que ocorreu há pouco mais de 10 anos, ele deixou BH para se formar no Rio de Janeiro, onde estavam as escolas especializadas. Hoje, a capital conta com três escolas de formação prática, duas delas abertas nos últimos três anos.

Com 5,5 mil horas acumuladas de voo, Jonathan ocupa hoje o posto que é uma espécie de sonho para muitos pilotos iniciantes na profissão. Como piloto offshore ele opera um helicóptero no valor de US$ 27 milhões. "É uma carreira sofisticada e bonita. Requer muito treinamento, mas tem também uma escala atrativa." Trabalhando por 15 dias e folgando outros 15, ele transporta 21 pessoas , avançando 270 quilômetros mar adentro. "É um desafio."

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