Rose Mary de Souza
Cinco aeronaves inoperantes há quase uma década estão estacionadas em um local conhecido como 'cemitério de aviões' do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no interior de São Paulo. A área ocupada pelas aeronaves fica dentro da região aeroportuária e ocupa 15 mil metros quadrados. O chão batido coberto por grama, e pequenos arbustos, destoa do asfalto liso da pista de pouso a poucos metros dali.
Tanto quem chega de carro ao aeroporto como quem desce de algum voo consegue visualizar o conjunto de sucata enferrujada em que se transformaram os cargueiros e aviões, que estão parados, sujos e parcialmente desmontados em local de céu aberto.
Uma empresa especializada já está desmontando o avião da Centurion Cargo Airlines. O cargueiro MD-11 de 130 toneladas, um gigante que derrapou e ficou com o trem de pouso quebrado afetando uma das turbinas fechou o aeroporto por 45 horas em outubro de 2012. O incidente afetou 45 mil passageiros, com o cancelamento de 512 voos. O MD-11 é o maior no “cemitério de aviões”.
Não há uma data prevista para a retirada das outras aeronaves. No local, a mercê de chuva, sol e vento estão dois DC-8 da Skymaster, um Boeing 737 da Vasp e um DC-8 da Montini Air.
A administradora de Viracopos, a Concessionária Aeroportos Brasil, não pode vendê-los ou descartá-los sem autorização judicial. A dívida pelo “aluguel” da área com o aeroporto de Viracopos está acumulada e gira em torno de R$ 6 milhões. Os “sucatões” começaram a chegar em 2004.
"Estamos em discussão como Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e as conversas estão bem adiantadas para o processo, no sentido de retirada dos aviões", disse o diretor-presidente da Aeroportos Brasil Viracopos, Luiz Alberto Küster.
Segundo ele, esses aviões estão sem nenhuma condição de voo com vários componentes já avariados. Exceto o MD-11 da Centurion, as demais aeronaves se encontram com alguma pendência judicial. "Estamos em tratativas com diretores e síndicos da massa falida para desocupar a área. Mas é necessário autorização da CNJ", salientou.
De acordo com Küster, aquela área não é movimenta, mas pode apresentar um risco. Viracopos está em obras de expansão e ampliando números de voos e espaços para seus equipamentos no sitio aeroportuário.
Só depois da anuência da CNJ e da Receita Federal, as companhias ou seus representantes poderão desmontar, negociar e dar destinação as antigas aeronaves. Ele falou também que assim que o local for desocupado poderá servir como estacionamento de aviões e, em um futuro próximo, aliviar o congestionamento de aeronaves.
O diretor de operações da Concessionária Aeroportos Brasil, Marcelo Mota, explicou que os aviões estão obsoletos e há uma grande defasagem tecnológica com as atuais em operação. Por isso ele acredita que as peças têm pouco valor comercial.