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Brincadeira com laser coloca a segurança de voos em risco

Gazeta do Povo (PR)

Frequentemente presente nos estádios brasileiros, o laser verde pode oferecer riscos que ultrapassam os limites do campo de futebol, onde costuma ser usado para atrapalhar os jogadores. No Brasil, perto de aeroportos, é cada vez mais comum o uso da lanterninha capaz de lançar um forte facho de luz a uma distância de 300 metros. Somente no ano passado, 60 casos envolvendo o direcionamento do laser a aviões que estavam prestes a pousar ou logo após a decolagem foram notificados ao Centro de Investigação e Prevenção de Aci­­den­­tes Aeronáuticos (Cenipa).

De acordo com Carlos Cama­­cho, secretário de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), os pilotos brasileiros têm relatado problemas com o laser verde nos aeroportos localizados nos grandes centros. “As pessoas que apontam o laser contra uma aeronave não têm noção das conse­­quências da brincadeira. É um risco para os pilotos, tripulação, passageiros e população”, afirma.

No Brasil, quem for flagrado apontando um laser contra um avião pode ser preso e enquadrado por atentado contra a segurança de transporte aéreo, crime que prevê pena de dois a cinco anos de prisão. Em caso de acidente aéreo, a pena sobe para 12 anos de reclusão.

Riscos

O presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia, Ezequiel Portella, explica que o contato do laser – tanto o verde, quanto o vermelho – com os olhos, principalmente com a visão central, aquela que utilizamos para ler, pode causar sérias lesões e cegar uma pessoa. “O contato do laser com os olhos é totalmente prejudicial”, diz o especialista em retina.

Na opinião do médico, as autoridades públicas deveriam restringir a comercialização dos dispositivos. De origem chinesa, o laser custa em torno de R$ 50 e pode ser encontrado em pequenas lojas e camelôs.

Por meio de nota, a Aeronáutica – órgão responsável pelo espaço aéreo brasileiro – informa que há uma probabilidade baixa de ocorrer um acidente envolvendo o laser verde. Entretanto, por menor que seja o risco, as pessoas precisam saber que ele existe. “Quando a incidência de raio laser verde acontece no momento do pouso, em que se exige maior concentração do piloto, pode significar um fator de desvio de atenção e causar ofuscamento momentâneo da visão”, descreve a nota.

O aumento da incidência do uso do raio laser verde fez com que o Cenipa emitisse uma nota, em agosto do ano passado, pedindo que os pilotos redobrem a atenção ao detectar a interferência de raios laser. O Cenipa orienta os tripulantes a relatar os casos, mas também recebe denúncias de passageiros e outras pessoas por meio de sua página na internet, com garantia de anonimato.

O problema não é exclusivo do Brasil. Casos semelhantes já foram registrados em diversos países. Um francês foi condenado depois de apontar laser para um avião. Na Austrália, o uso do objeto foi proibido. Em fevereiro deste ano, o Senado americano aprovou regra que torna crime apontar laser para aviões no espaço aéreo dos Estados Unidos. Em Belo Horizonte, no ano passado, uma criança foi apontada como autora da brincadeira, mas o pai dela é quem foi penalizado.

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