Na data em que é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06), o Governo de Minas Gerais e a Gol Linhas Aéreas promoveram o primeiro “voo verde” a partir do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN).
A iniciativa é mais uma etapa em direção à consolidação do Programa Mineiro de Desenvolvimento da Cadeia de Valor de Bioquerosene para Aviação e o seu uso em bases econômicas. O plano foi lançado em março pelo Governo do Estado. A meta é transformar o Estado na primeira plataforma integrada de produção de BioQAv no Brasil e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves no primeiro aeroporto “verde” do Brasil.
A consolidação da plataforma mineira de bioquerosene é fruto de uma articulação entre diversos órgãos de Estado, como as secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), de Agricultura e Pecuária (Seapa), de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes), e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de universidades, como a Unimontes e a Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), centros de pesquisa, empresas do setor de aviação, entidades de classes e outros.
Durante o evento, uma aeronave da Gol foi abastecida com uma mistura de biocombustível, no hangar do Centro de Manutenção da companhia, no entorno do AITN, com a presença de representantes do Governo de Minas Gerais, executivos da Gol e da Boeing e representantes de universidades.
A Plataforma Mineira de Bioquerosene apoiará iniciativas com o conceito “From Farm to Fly” (Do campo à asa do avião), reunindo, em suas ações e iniciativas estratégicas, uma variedade de atores, como instituições de pesquisa, universidades, produtores de matérias-primas sustentáveis, fornecedores de tecnologia, stakeholders em logística e processos industriais e companhias aéreas.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Rogério Nery, a proposta, além de estimular o desenvolvimento econômico do Estado, traz novas oportunidades de emprego e renda para o campo e para todos os mineiros. “Em Minas, temos o desafio de promover a diversificação econômica do estado, mas o desenvolvimento deve estar atrelado à sustentabilidade. Esta iniciativa é um momento histórico para o estado”, destacou.
Plataforma Mineira de Bioquerosene avança
Também foram anunciadas, durante a solenidade, ações para consolidar a Plataforma Mineira de Bioquerosene. Entre estas medidas estão o lançamento de um Grupo de Trabalho da Plataforma, formado por representantes das secretarias de Estado envolvidas no projeto. Este grupo terá o objetivo de traçar os próximos passos para a consolidação da plataforma.
Também foram assinados dois Memorandos de Entendimentos. Um deles, entre a Sectes, Sede e as universidades Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e Estadual de Montes Claros (Unimontes), para fomentar a pesquisa sobre biomassa para a produção de bioquerosene e o desenvolvimento de rotas tecnológicas. “Minas está fazendo a diferença no esforço de articulação da academia, envolvendo as universidades, e da tecnologia, a serviço da inovação e da sustentabilidade. Este é um exemplo para todo o mundo”, afirma o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues.
O outro memorando é voltado à estruturação da Cadeia de Valor da Palmeira Macaúba no Estado de Minas Gerais, como parte integrante da cadeia de suprimento da Plataforma Mineira de Bioquerosene e Renováveis. A macaúba é uma alternativa sustentável para produção de biocombustíveis e produtos renováveis, apresentando incidência natural e grande potencial de desenvolvimento em diversas regiões mineiras.
Outra iniciativa apresentada é o abastecimento de 200 voos com biocombustível durante junho e julho. Todos os voos que transportarão a Seleção Brasileira do Aeroporto do Galeão/Rio de Janeiro para os demais destinos que sediarão os jogos da Copa do Mundo FIFA 2014 terão uma mistura de 4% de bioquerosene de aviação. Desta forma, a Gol Linhas Aéreas prevê a economia de aproximadamente 218 toneladas de carbono (CO2) na atmosfera. São mais de 69 toneladas de combustível renovável e 217.809 quilos a menos de gás carbônico entre 12 de junho e 14 de julho.
O diretor executivo de operações da Gol, Sérgio Quito, elogiou o pioneirismo do envolvimento do Governo de Minas no projeto. “Minas Gerais está lançando uma agenda conjunta para introdução do bioquerosene na avição. Isso, sem dúvida, insere o estado na nova economia. A iniciativa mineira conta com o apoio irrestrito da companhia nesta estratégia em prol da aviação brasileira”, pontua.
Também estiveram presentes no evento o secretário de Estado de Turismo e Esportes, Tiago Lacerda, os secretários adjuntos de Agricultura e Pecuária, Paulo Romano, e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Danilo Vieira Junior.
Por uma aviação mais sustentável
Em função das mudanças climáticas e da preocupação com o meio ambiente, o setor aeronáutico tem buscado adotar medidas que contribuam para a redução de seu impacto ambiental. A indústria de aviação é responsável por 2% das emissões de dióxido de carbono produzidas pelo homem, que apresenta uma trajetória crescente.
Entre 2000 e 2010, a taxa de crescimento das emissões domésticas foi de 39,7%, enquanto a das emissões internacionais foi de apenas 5%. Neste sentido, iniciativas relacionadas à viabilização e produção de biocombustíveis para a aviação estão sendo desenvolvidas como forma de apoiar a redução da emissão de gases do efeito estufa (GEE) provenientes do setor e possuem um apelo especial no caso do Brasil, que está em vias e se tornar o quarto maior mercado de tráfego aéreo do mundo.
Atento às necessidades de consolidação desta Cadeia Produtiva, o Governo Mineiro firmou, em março deste ano, um memorando de entendimentos, que incluiu a participação de representantes de importantes empresas de aviação civil, agências de pesquisa e fomento e a International Air Transport Association (IATA). De acordo com o subsecretário de Investimentos Estratégicos da Sede, Luiz Antônio Athayde, este projeto é uma das ações que o Governo de Minas, junto com seus parceiros, realiza para criar, no estado, uma nova fronteira para os combustíveis renováveis. “Este voo verde vai marcar uma nova era na economia mineira”, acredita Athayde.
O principal objetivo da plataforma é o desenvolvimento de estudos e projetos envolvendo todos os elos da cadeia de valor do Bioquerosene de Aviação (BioQAv), desde a produção da matéria-prima, passando pela pesquisa, refino, certificação e utilização do combustível pelas empresas aéreas que operam no Aeroporto Internacional Tancredo Neves (AITN).
O segmento da aviação civil, por meio da International Air Transport Association (IATA), estabeleceu metas ambiciosas para atingir um crescimento neutro em carbono até 2020 e reduzir em 50% as emissões de dióxido de carbono (dos níveis de 2005) até 2050, baseado em melhorias tecnológicas e principalmente no uso do BioQAv. Com o programa, Minas Gerais poderá se transformar na primeira plataforma integrada de produção de BioQAv do País, operando mais de uma rota tecnológica.