A companhia aérea Azul, terceira maior do país, assinou um acordo não vinculante para ficar com todos os slots da Avianca Brasil nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) e cerca de metade deles em Guarulhos (SP), afirmou uma fonte próxima da empresa nesta segunda-feira.
O acordo não vinculante, no valor de 105 milhões de dólares, vai elevar os slots da Azul em Congonhas, um dos mais movimentados do país, de 13 para 34, se aprovado por autoridades regulatórias e de defesa da concorrência.
Atualmente, Gol e Latam possuem cerca de 130 slots cada uma em Congonhas, disse a fonte. Por volta de 10:15, as ações da Azul disparavam 5,8 por cento na bolsa paulista, enquanto os papéis da Gol caíam 1,8 por cento.
O entendimento, que ocorre em meio ao plano de recuperação judicial da Avianca Brasil, envolve no total 70 slots (espaços para pousos e decolagens) nos três aeroportos. Envolve também 30 Airbus A320 que serão alvo de novos contratos de arrendamento pela Azul, afirmou a fonte, que estimou que a o acordo com a rival envolve cerca de 60 por cento das operações da Avianca Brasil.
A aquisição proposta será feita por um mecanismo chamado Unidade Produtiva Isolada (UPI) e o negócio inclui certificado de operador aéreo da Avianca Brasil, quarta maior companhia aérea do país, que até meados de janeiro tinha uma frota de 46 aviões.
A Azul, que enviou comunicado ao mercado sobre a transação, está em período de silêncio, antes da divulgação de seus resultados de 2018, previstos para quinta-feira. “Destacamos que o acordo é não vinculante e que o processo de aquisição da UPI está sujeito a uma série de condições como a conclusão de um processo de diligência, a aprovação de órgãos reguladores e credores, assim como a conclusão do processo de recuperação judicial.
A expectativa é que esse processo dure até três meses”, afirmou a Azul no comunicado. Segundo a fonte, o valor proposto para o negócio “nasce da rentabilidade que a empresa pode ter com a operação”.
A Azul ficará com o pessoal da Avianca Brasil que já está encarregado pelas operações dos slots alvo da transação, afirmou a fonte. “São slots que a empresa (Azul) não conseguiria ter sozinha. Sobre o restante da operação da Avianca, se a Azul quiser aumentar ela poderá fazer sozinha fora deste locais”, disse a fonte se referindo aos três aeroportos.
A Avianca Brasil pediu recuperação judicial em dezembro e contratou em janeiro a consultoria Galeazzi & Associados para ajudar a encontrar recursos e eventualmente um comprador. Os principais credores da companhia aérea são as empresas de leasing de aviões Aircastle e GE Capital Aviation Services.
Entre o fim de 2016 e setembro de 2018, os passivos da Avianca Brasil para firmas de leasing quintuplicaram para 415 milhões de reais, de acordo com as demonstrações financeiras da empresa. Em dezembro, o presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, havia comentado que a empresa não tinha até então nenhum plano para uma oferta pela Avianca Brasil.