Para o CEO da Azul, John Rodgerson, o acesso a linhas de crédito para aviação é um dos maiores desafios do setor nacional: BNDES está financiando o país errado
Eric Napoli
Poder 360
15 Dezembro 2023
O CEO da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, disse na 6ª feira (15DEZ2023) que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem sido negligente em relação ao fomento da aviação nacional. Para o executivo, o banco tem errado em fechar parcerias com empresas norte-americanas do setor ao invés de oferecer linhas de crédito para as companhias brasileiras.
Em conversa com jornalistas, Rodgerson declarou que nos últimos anos o banco de desenvolvimento brasileiro privilegiou parcerias com a American Airlines e com a FEDEX, empresas estrangeiras que já são competitivas por meio de subsídios do próprio governo norte-americano.
“Nos últimos 2, 3 anos, o BNDES financiou empresas americanas, mas nenhuma empresa brasileira de aviação. Então imaginem isso, nossos impostos estão financiando ativos para a American Airlines, para a FEDEX, para essas empresas subsidiadas pelo governo deles, e aqui zero para as empresas brasileiras. Eles estão financiando o país errado”, declarou o CEO da AZUL.
Na visão de Rodgerson, o BNDES deveria financiar as empresas que mais criam empregos no país ao invés de favorecer as que já tem uma forte ajuda do governo norte-americano. Para o executivo, a condução das políticas econômicas do banco para a aviação no Brasil é uma “loucura”.
“Eu acho que o BNDES deve financiar a AZUL, a GOL, a LATAM, porque nós estamos ajudando o Brasil, criando empregos no Norte, no Nordeste, mas financiar uma empresa aérea dos Estados Unidos, poxa, que loucura”, disse o executivo.
Segundo Rodgerson, o acesso a linhas de crédito pelas empresas é um dos 3 maiores desafios que a aviação civil enfrenta no Brasil. As altas taxas de judicialização do setor e o combustível de aviação mais caro do mundo fecham esse tripé de dificuldades.
BNDES RESPONDE
Em comentário feito após as declarações de Rodgerson, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), José Luis Gordon, disse ao Poder360 que os financiamentos dos quais o banco participou junto a empresas aéreas norte-americanas foram realizados pois envolviam a compra de aviões da EMBRAER.
Em conversa com o jornal digital, Gordon afirmou que o banco não financia empresas estrangeiras, mas que as operações citadas por Rodgerson tinham como objetivo viabilizar a venda de aeronaves da EMBRAER. diretor do banco de desenvolvimento justificou a participação do BNDES nessas ações ajudou a fabricante, que assim como as empresas citadas também cria empregos no Brasil.
Gordon também explicou que a falta de participação do BNDES em parcerias com a AZUL se deve ao fato da empresa estar com seu patrimônio líquido negativo, o que dificulta a apresentação de garantia.
Além disso, o diretor declarou que o banco continua a apoiar as companhias brasileiras na aquisição de aeronaves e afirmou que o BNDES quer fortalecer sua parceria com as empresas aéreas brasileiras.