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Aviação regional cresce com turboélices

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO


Eles são uma espécie de New Beetle da aviação, versão moderna de velhos turboélices do passado. E quem voa ou pretende voar para o interior do Brasil ainda vai embarcar num desses.

No país da Embraer, o crescimento da aviação regional na próxima década não se dará com jatos regionais, mas com turboélices da fabricante ATR, empresa europeia do grupo EADS, dona da Airbus.

Azul, Trip e Passaredo investem milhões na compra de ATRs, que consomem bem menos combustível que os jatos. A capacidade deles varia conforme o modelo, entre as faixas de 40 e 80 assentos.

Assim como o novo fusquinha, as novas versões dos turboélices ATRs estão repaginadas, com painel de controle digital e cheiro de novo.

Já são 51 voando no país entre modelos novos e antigos. Outros 56 entrarão em operação até 2015, o que fará do Brasil o maior operador de ATRs do mundo, ultrapassando os EUA e a Índia.

A Embraer, que iniciou com o Bandeirante e depois conquistou o mercado americano com o Brasília, largou o segmento para se dedicar a aviões com motores a jato nos anos 1990, quando lançou os ERJ 140/145 -até 50 lugares.

Rápidos, espaçosos e silenciosos, os jatos regionais de até 80 assentos tiveram sua era de ouro da década de 1990 até meados dos anos 2000, quando o preço do petróleo, abaixo dos US$ 50, estava longe de ser um problema.

"Com o barril do petróleo acima de US$ 120, um jato de menos de 80 lugares não se paga", diz Gianfranco Beting, diretor da Azul, que opera 12 ATR-72 e tem 23 a receber.

Azul e Trip, que anunciaram fusão na semana passada, contabilizam 50 ATRs juntas. Os da Azul são praticamente todos modelo 600, a versão mais moderna -os que não o são estão sendo substituídos. Já a Trip tem modelos novos e antigos.
 
VOO COMPLEMENTAR

A estratégia de Azul e Trip é usar o turboélice de forma complementar à operação do jato Embraer 190/195. Elas levam o tráfego das cidades pequenas e médias para seus principais hubs (centros de conexão) em Campinas, Belo Horizonte ou Brasília. Dos hubs, levam os passageiros de jato para outras capitais.

A ATR reina sozinha no mercado de turboélices. Com a falência da Fokker e a Embraer optando pelos motores a jato, restaram a ATR e a Bombardier. Mas a ATR foi a única que investiu na modernização do avião, que chegou ao mercado repaginado em agosto do ano passado.
 
RECORDE DE VENDAS

Com um bom produto e o barril do petróleo na faixa de US$ 100, a ATR bate recorde de vendas. Dos 164 turboélices vendidos no ano passado, 157 eram da ATR.

Os jatos Embraer 170/175, de até 86 lugares, já viveram melhores momentos. Das 378 encomendas recebidas desde 2001, 327 foram entregues, restando 51 por entregar.

Situação diferente da família 190/195, carro-chefe da aviação comercial da Embraer, de 90 a 122 lugares. Lançado em 2005, os 190/195 contam com 496 unidades entregues e uma carteira de 189.

O presidente da Embraer Aviação Comercial, Paulo Cesar Silva, diz que ainda tem muito mercado para os jatos 170/175. "Vem aí nova onda de companhias americanas recompondo frota, substituindo jatos de 50 lugares por jatos de 70 a 86 lugares."

O executivo diz que a Embraer não cogita hoje voltar a produzir turboélice por ser um mercado pequeno -120 aviões ao ano- e já dominado pela ATR.

"Não faz sentido desenvolver algo para um mercado relativamente pequeno, dada a tecnologia que se tem hoje."

"Se surgir nova tecnologia de motores, o que é esperado lá para 2020, e se esta for realmente inovadora, a gente vai olhar com outros olhos."

Material DefesaNet

PASSAREDO

Homenagem aos Pássaros
 
Todas as novas ATRs da Passaredo serão batizadas com nomes de pássaros brasileiros – “Uma homenagem da nossa empresa a fauna nacional e uma alusão ao nome Passaredo, que significa revoada de pássaros”- afirmou Comandante Felicio Filho ao apresentar a nova ATR 72-600, batizada de Bem-Te-Vi. “Este pássaro considerado o mais popular do Brasil é conhecido por seu canto logo ao amanhecer”- explicou.
 
A nova aeronave entrará em operação no dia 11 de junho, ligando Ribeirão Preto à Guarulhos e Ribeirão Preto à Uberlândia “Essa nova frota operará em rotas do interior dos estados para as capitais e em rotas de menor alcance para a qual a aeronave ATR 72-600 se apresenta altamente adequada, oferecendo conforto ao passageiro com o menor custo/beneficio do mercado e menor impacto ambiental.”explicou Eduardo Busch – vice presidente executivo da Passaredo.
 
Informações sobre o ATR 72-600:
 
A capacidade de passageiros: 70 assentos
Motores: Pratt & Whitney 127m
Potência máxima na decolagem: 2.750 cavalos de potência por motor
Peso máximo de decolagem: 23.000 kg
Carga máxima: 7.500 kg
Alcance máximo com carga total de passageiros: 899 milhas náuticas
 
PASSAREDO LINHAS AÉREAS
 
Com sede em Ribeirão Preto (300 Km ao norte de São Paulo)a Passaredo Linhas Aéreas iniciou suas operações em 1995. Atualmente é considerada uma das principais empresas de aviação regional do país. Sua frota atual é composta por 14 jatos Embraer 145. A Passaredo opera atualmente 104 voos diários, chegando a 26 destinos no Brasil.
 

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