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Argentina vê sabotagem por trás de apagão aéreo

Daniel Rittner

A aviação civil da Argentina, que teve ontem seus dois principais aeroportos fechados por quase oito horas, num dia caos, normalizou-se ontem em meio a denúncias de sabotagem no controle de tráfego aéreo da região metropolitana de Buenos Aires. A Justiça determinou investigação da denúncia, apresentada por seis sindicatos de trabalhadores do setor aéreo, de que a pane no sistema de comunicação entre com as aeronaves foi causada por uma manobra de dez controladores de voo.

Os sindicatos consideraram "suspeito" o fato de que a pane – primeira em 30 anos de uso dos equipamentos – tenha ocorrido menos de uma semana após a denúncia que fizeram ao Ministério da Defesa sobre a conduta de dez controladores de origem militar. O controle de tráfego foi desmilitarizado na Argentina em 2007.

"Esse setor tenta levar à opinião pública uma sensação de caos porque quer separar a Austral da Aerolíneas Argentinas e vendê-las a um grupo empresarial", acusou Ricardo Fresia, secretário-geral da Associação Argentina de Aeronavegadores. A Austral é o braço de operações domésticas da Aerolíneas, reestatizada há dois anos.

Desde o fim de 2008, o governo injetou cerca de US$ 1 bilhão na recuperação da empresa, que continua tendo prejuízo e problemas operacionais. Segundo projeções da própria Aerolíneas, o equilíbrio em suas contas só será alcançado em 2012 e ela entrará no azul apenas em 2013. Enquanto isso, tem prejuízo superior a US$ 200 milhões, justificado pela modernização da frota, que incluiu a compra de 20 aeronaves da Embraer.

Com o desgaste gerado pelos serviços mal avaliados da empresa, a Casa Rosada aventou, há duas semanas, a possibilidade de incorporar um sócio privado em sua gestão, com a possível venda de 50% do capital acionário. Ainda há uma disputa judicial: o grupo espanhol Marsans não foi indenizado pela estatização da empresa, em 2008, e reclama o pagamento.

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