A Argentina demitiu o comandante de sua Marinha após o desaparecimento de um submarino no Atlântico Sul com 44 tripulantes a bordo, disse um porta-voz do governo neste sábado.
O jornal local La Nacion afirmou pouco antes, citando fontes anônimas, que o Alrmirante da Marinha Marcelo Eduardo Hipólito Srur foi dispensado pelo ministro da Defesa. O submarino ARA San Juan não foi localizado e considera-se que ele tenha explodido.
¹BUENOS AIRES – O governo da Argentina aposentou compulsoriamente o comandante da Marinha, almirante Marcelo Eduardo Hipólito Srur, um mês depois do desaparecimento de um submarino no Atlântico Sul com 44 tripulantes a bordo, confirmou um porta-voz neste sábado. As autoridades argentinas já dão como mortos os 44 tripulantes a bordo do submarino ARA San Juan, que sumiu em meados de novembro. A embarcação até agora não foi localizada e acredita-se que ela tenha explodido.
— Se decidiu que ele passe para a aposentadoria — disse o representante do governo à agência de notícias Reuters depois que a imprensa local noticiou a demissão, que teria sido decidida na noite de sexta-feira.
O desaparecimento do submarino ARA San Juan acelerou o afastamento do chefe da Marinha do cargo por causa do forte desgaste de sua gestão. De acordo com o jornal "La Nación", fontes governamentais disseram que o ministro de Defesa, Oscar Aguad, já tinha em mente a hipótese de substituí-lo no fim do ano, mas o modo que Srur conduziu a crise adiantou a decisão. Na segunda-feira, será anunciado o chefe interino da Marinha, que permanecera no cargo até que a nova cúpula seja definida.
O sumiço do submarino deu início a uma desesperada operação internacional de busca e resgate da qual participaram mais de 4 mil pessoas e 30 aviões e navios da Argentina, EUA, Reino Unido, Brasil e Chile. As buscas pelo que seriam agora os restos do submarino e seus tripulantes continuam em um ritmo mais lento, e agora já sem mobilizar equipamentos capazes de resgatar pessoas com vida do fundo do mar. Em comunicado também divulgado neste sábado, a Marinha argentina informou que dois navios, um britânico e um argentino, continuam na área do desaparecimento em busca do submarino.
"Se encontram na área de buscas o navio oceanográfico 'Protector', do Reino Unido, e o destróier 'ARA La Argentina' varrendo o leito marinho com sonar ativo", diz o comunicado. "Durante o fim de semana se esperam condições meteorológicas muito adversas, com ventos de 75 km/h e ondas de 5 metros", acrescentou a Marinha.
O submarino se perdeu a cerca de 350 quilômetros da costa da Patagônia, no Sul da Argentina. O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Aguad, revelou em entrevista ao canal "Todo Notícias", que o capitão da embarcação já havia reportado em viagem anterior uma avaria elétrica pela entrada de água nos sistemas — um incidente similar ao reportado antes do sumiço — e pedido reformas em 2018. O ARA San Juan comunicou uma avaria elétrica depois que a água do mar invadiu o snorkel da embarcação — o que desta vez pode ter gerado um curto-circuito na alimentação das baterias.
— Houve um incidente similar. Entrou água pelo snorkel, com a diferença de que a água não chegou às baterias. O capitão deu conta disso e pediu que, em 2018, quando o submarino entrasse em reparação, se verificasse esse problema — destacou Aguad ao canal argentino.
O governo também investiga se houve corrupção no processo de reparação feito no submarino durante a gestão da ex-presidente Cristina Kirchner. O ministro alega que uma denúncia que apontava anomalias no processo foi arquivada sem investigação. Relatórios da auditoria mostrariam que houve sobretaxas e que os materiais usados no trabalho, entre 2008 e 2014, não tinham a qualidade exigida. Mas teria sido possível consertar o submarino a ponto de estar apto a missões como a do mês passado.
Apesar de não considerar possível encontrar sobreviventes, o governo se comprometeu com os parentes dos tripulantes a continuar as buscas.
— É um compromisso que o presidente (Mauricio Macri) assumiu com todas as famílias e vamos cumprir — frisou Aguad.
Porém, os familiares continuam pedindo ao presidente argentino, Mauricio Macri, e aos militares para que não deem como finalizadas as tarefas de um eventual resgate.
— Queremos ver os corpos, que os retirem, precisamos fazer o luto — disse Yolanda Mendiola, mãe do tripulante Leandro Fabián Cisneros, de 28 anos, em frente à base naval de Mar del Plata.
O último contato do submarino com a base em Mar del Plata ocorreu na manhã do dia 15 de novembro, quando navegava pelo Atlântico Sul, na altura do Golfo San Jorge, a 450 km da costa. Em sua última mensagem, o ARA San Juan informou que havia superado uma avaria nas baterias, reportada horas antes, provocada pela entrada de água pelo snorkel.
Um ruído similar a uma explosão ocorreu na mesma zona onde estava o submarino três horas após a última comunicação. O ARA San Juan havia zarpado no dia 11 de novembro, de Ushuaia (3.200 km ao sul de Buenos Aires) para regressar a Mar del Plata (400 km ao sul da capital).
¹com o Globo
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