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Após incidentes, maior parte da frota de Boeing 787 tem voos suspensos

Companhias aéreas ao redor do mundo trabalhavam nesta quinta-feira (17) para rearranjarem voos depois que Europa, Japão, Índia, Qatar e Chile se juntaram aos Estados Unidos na suspensão dos voos do jato 787 Dreamliner, da Boeing, para investigação de problemas relacionados a baterias.

A Boeing vendeu cerca de 850 unidades do novo avião e cerca de 50 já foram entregues até agora. Cerca de metade destes estavam em operação no Japão. O restante está em poder de companhias aéreas na Índia, América do Sul, Polônia, Qatar e Etiópia, e também nos Estados Unidos. No Brasil, nenhuma companhia aérea opera com Boeing 787 e nenhum aeroporto do país recebe atualmente aviões do tipo.

O moderno avião produzido com compósitos de carbono tem sido afetado por problemas recentes que incluíram um pouso de emergência de um voo da All Nippon Airways (ANA) na quarta-feira depois que luzes de alerta indicaram problemas em uma bateria, levantando preocupações sobre o uso de baterias de íon de lítio no modelo.

A agência de aviação dos EUA, FAA, decidiu na quarta-feira manter em terra temporariamente o mais novo avião comercial da Boeing, afirmando que as companhias aéreas teriam que demonstrar que as baterias são seguras antes que os jatos possam voltar a voar. A FAA não deu detalhes sobre quando isso poderá acontecer. Outras autoridades nacionais seguiram a decisão nesta quinta-feira.

utoridades no Japão e na Índia afirmaram que não está claro quando o Dreamliner poderá voltar a operar. Um porta-voz da Agência Europeia de Segurança da Aviação afirmou que a região vai seguir a decisão da FAA. No continente, apenas a polonesa LOT Airlines tem o 787 em sua frota. A empresa informou que vai buscar ressarcimentos por eventuais perdas junto à Boeing.

A medida é a primeira do tipo contra uma avião de passageiros nos Estados Unidos desde que o DC-10, da McDonnell Douglas, teve seu certificado suspenso após um acidente fatal em Chicago, em 1979, disseram analistas.

Com a maior parte da frota do Dreamliner em terra, engenheiros e autoridades estão fazendo inspeções de urgência, principalmente sobre as baterias e complexos sistemas eletrônicos do modelo, e companhias aéreas estão tentando preencher os buracos em suas programações de voos.

Segundo a Mizuho Securities, manter todos os 787 em terra pode implicar em custo somente para a ANA de mais de US$ 1,1 milhão por dia.

Jim McNerney, executivo-chefe da Boeing, enviou um comunicado nesta quarta em que reafirmou o compromisso com a FAA "para encontrar respostas o mais rápido possível". O executivo afirmou que a empresa trabalha "dia e noite com clientes e agências reguladoras" para provar que o modelo 787 é seguro.

Empresas

Desde 7 de janeiro, as companhias aéreas japonesas ANA e JAL – as primeiras a utilizar o Boeing 787 – registraram sete incidentes. A ANA tem 17 aeronaves do modelo, e a JAL outras sete.

Entre os problemas apresentados, figura, sobretudo, uma dificuldade com os freios, uma janela da cabine defeituosa em pleno voo e um vazamento de óleo nas aeronaves da ANA, assim como dois vazamentos constatados em um avião da JAL e um princípio de incêndio devido a uma bateria em um Dreamliner da mesma companhia pouco depois do pouso.

A LAN, companhia aérea chilena que uniu suas operações à brasileira TAM, suspendeu os voos com três aeronaves Boeing 787 até que a FAA defina as ações requeridas para a frota. Os aviões da LAN operavam nas rotas entre Buenos Aires e Santiago, Santiago e Lima e Santiago e Los Angeles. Os voos serão feitos por outros aviões da companhia.

A LAN previa adquirir 32 aviões Boeing 787 nos próximos 10 anos em um investimento de US$ 4,9 bilhões, um dos mais importantes realizados pela companhia, diante de sua recente fusão e do aumento progressivo do tráfego aéreo no Chile.

A empresa polonesa LOT, única europeia a ter o avião em sua frota, havia feito a viagem inaugural da aeronave nesta quarta, de Varsóvia a Chicago. O avião ficará no chão por tempor indeterminado.

Além das empresas japonesas, da LAN e da LOT, contam com o avião em sua frota e deixaram de utilizá-lo a United Airlines, nos EUA, com seis unidades, a Air India, com outras seis, a Qtar Ailines, com cinco, e a Ethiopian Airlines, com quatro.
 

Revisão

O 787, que tem um preço de tabela de US$ 207 milhões, representa um salto na forma como os aviões são planejados e produzidos, mas o projeto teve várias mudanças e anos de atraso. Alguns sugerem que a pressa da Boeing para compensar este atraso resultou nos recentes problemas, o que a fabricante nega vigorosamente.

Na Ásia, somente as companhias japonesas e a Air Índia têm Dreamliners em operação, mas outras companhias estão entre as que encomendaram 850 unidades do novo avião.

A australiana Qantas Airways disse que o pedido de 15 Dreamliners está mantido, com a subsidiária Jetstar devendo receber sua primeira unidade no segundo semestre do ano.

Os problemas do Dreamliner ecoam incidentes registrados pela rival Airbus, que um ano atrás sobreviveu a uma crise de confiança pública depois do surgimento de rachaduras nas asas do superjumbo A380, o maior avião de passageiros do mundo. Os problemas testaram o relacionamento da fabricante com as companhias aéreas, mas nenhuma encomenda foi cancelada.

 

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