Marina Gazzoni
A Airbus quer vender o seu primeiro jato executivo a clientes privados no Brasil ainda neste ano. O primeiro modelo apresentado, o ACJ 318, custa mais de R$ 100 milhões (cerca de US$ 65 milhões), uma “pechincha” na comparação com os preços oferecidos pelas concorrentes por jatos menores, afirmou em entrevista ao iG o vice-presidente de vendas da divisão de jatos corporativos da Airbus, Francois Chazelle.
O único jato da linha executiva vendido no Brasil é o da presidente Dilma Rousseff. O avião é um ACJ 319, modelo maior do que o exposto na Labace, e pode levar cerca de 50 pessoas a bordo. A aquisição foi feita durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O público-alvo da fabricante europeia é pra lá de restrito e muito endinheirado. São os bilionários brasileiros, um grupo de apenas 30 pessoas, segundo a revista “Forbes”. Parece pouco, mas o número de brasileiros na lista praticamente dobrou em 2011, com 12 nomes a mais. E isso chamou a atenção da Airbus. A companhia trouxe neste ano pela primeira vez um jato para expor na feira Labace, realizada até o último sábado, em São Paulo.
“Observamos nos anos anteriores, que os brasileiros começaram a comprar aviões pequenos. Depois compraram um modelo maior e outro maior ainda. Agora é a hora de eles darem o próximo passo e adquirirem os jatos top de linha”, disse Chazelle.
O crescimento da importância do Brasil para a economia global deve favorecer a compra de aeronaves. As companhias brasileiras estão mais internacionalizadas e somam R$ 209 bilhões em ativos no exterior, de acordo com levantamento da Fundação Dom Cabral.
“O Brasil tende a ter mais parceiros comerciais em todo o mundo. E os executivos vão gastar mais tempo dentro de um avião. Eles precisam de jatos que permitam que eles continuem a sua vida a bordo com conforto, com espaço para dormir, trabalhar e jantar”, afirma o vice-presidente da Airbus Corporate.
O melhor dos bilionários
O lançamento da linha executiva no Brasil ocorre em meio a incertezas sobre o futuro da economia global. Para Airbus, o cenário torna o País ainda mais relevante para os negócios da empresa.
“Estamos acabando de sair de uma crise. Sabemos que os países emergentes foram menos afetados que os desenvolvidos. E a nossa experiência mostra que os bilionários sofrem menos que os milionários”, diz Chazelle. O porto seguro, portanto, é o bilionário emergente.
Para bilionários como o empresário Eike Batista e o banqueiro André Esteves, a fabricante europeia vai oferecer o ACJ 318, capaz de transportar até 19 passageiros e de voar sem escalas de São Paulo a Paris.
A cabine da aeronave é uma das maiores da categoria, com 74 metros quadrados, mais do que o interior de produtos concorrentes como o Gulfstream 650 (33 m2) e o Embraer Lineage 1000 (58 m2), segundo estatísticas fornecidas pela Airbus.
Metas de vendas para o Brasil? Chazelle diz que não tem. “O mais importante para nós é vender o primeiro avião”, afirma o vice-presidente da Airbus.
A fabricante espera um efeito “cascata” após fechar o primeiro negócio, com uma sequência de novos pedidos. Foi o que ocorreu quando a Airbus lançou seus jatos em economias semelhantes a do Brasil, como a Rússia e a Índia, diz Chazelle.
O segmento de jatos executivos ainda é pouco relevante para os negócios da Airbus. No ano passado, a empresa entregou 15 aviões desta categoria e somou uma receita de cerca de R$ 2,4 bilhões. A EADS, controladora da Airbus, faturou (45,75 bilhões de euros) no período e entregou 527 aeronaves comerciais e militares.