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A guerra dos não tripulados

André Julião

Se depender dos avanços da tecnologia e de um mercado que cresce a cada dia, não vai demorar muito para que tenhamos sobre nossas cabeças cada vez mais aeronaves que vão informar a situação de florestas, plantações e depósitos naturais de minérios. Esses espiões, mais conhecidos pelas siglas Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) ou UAV (em inglês), ganharam os céus graças aos militares, sempre sedentos por informações para o combate, mas conquistam cada vez mais o espaço aéreo global para fins civis.

Graças à sua supremacia bélica, os EUA são os líderes dessa tecnologia. O país possui nada menos que 7 mil unidades dos aviões apenas para uso militar. A administração Obama aumentou a sua aplicação nas guerras do Iraque e do Afeganistão. Osama bin Laden, inclusive, só foi encontrado no Paquistão graças a imagens feitas por Vant. O mesmo ocorreu na semana passada, quando um Vant atuou no cerco ao comboio de Kadafi.

As aeronaves são controladas por uma central em solo e capazes de pousar e decolar sozinhas. “A vantagem dos Vant é que dá para encaixar qualquer coisa neles: câmeras, equipamento de espionagem ou armas”, disse Dennis M. Gormley, pesquisador da Universidade de Pittsburgh (EUA), ao jornal “The New York Times”.

Apenas EUA, Israel e Reino Unido confirmam o uso dessas aeronaves em ataques, mas especialistas estimam que mais de 50 países fabriquem ou comprem Vant – e o número aumenta a cada dia. A Alemanha recentemente apresentou o seu, batizado de Euro Hawk, e fabricantes chineses demonstraram 25 modelos no ano passado. A maioria dos veículos, no entanto, é usada para monitoramento.

É nesse nicho que aposta Adriano Kancelkis, diretor-presidente da AGX Tecnologia, de São Carlos (SP). Criada em 2002, a empresa começou a comercializar Vant neste ano. “A maior aplicação ainda é o monitoramento de lavouras”, diz o empresário. Recentemente, a AGX cedeu dois aviões para a Polícia Militar paulista, que os utiliza na detecção de crimes ambientais, como queimadas e desmatamentos.

Já a Polícia Federal começou a utilizar em setembro duas aeronaves modelo Heron, fabricadas pela IAI (Indústria Aeroespacial de Israel) e comercializados no Brasil pela EAE Soluções Aeroespaciais. As aeronaves são usadas no monitoramento da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, principalmente no combate ao tráfico e contrabando. O plano da PF é obter mais 12 unidades. “Elas são guiadas por satélite, que tem alcance muito maior do que as controladas por rádio”, diz Moshe Cytter, diretor da EAE. Ambos os empresários concordam que o mercado brasileiro tem um grande potencial. Afinal, terreno para ser investigado não falta.

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