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30 anos do T-27 Tucano na FAB

Academia da Força Aérea
Seção de Comunicação Social
scs.afa.fab@gmail.com

Dócil, ágil e manobrável. Da concepção no papel até a fabricação do protótipo, foram 4.669 desenhos e 416 mil homens/hora de trabalho.

De grande autonomia, abrangência de missões, capaz de oferecer treinamento aos pilotos e desempenho elevado em diversas situações de voo, destaca o Capitão Aviador André Fabiano da Silva, piloto do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), ao descrever o T-27 Tucano que completa 30 anos de emprego na Força Aérea Brasileira em 2013.

 Visto por multidões nos céus do Brasil com a Esquadrilha da Fumaça de 1983 até 2013 e demonstrar a habilidade dos pilotos brasileiros, além da tecnologia da indústria nacional, o T-27 foi responsável pela formação de mais de 2.700 aviadores em mais de 500.000 horas de voo pela Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga/SP, desde a sua chegada em 1983. Os números, a tecnologia, o reconhecimento internacional e o carisma que a aeronave possui com o brasileiro demonstram a importância que o T-27 Tucano tem para a Força Aérea Brasileira e para a indústria nacional.

Já utilizada pela Esquadrilha da Fumaça e na instrução de cadetes na AFA, a aeronave de matrícula 1361 foi a escolhida para carregar a sua nova pintura comemorativa.
 
A origem do T-27

Desenvolvida pela Embraer em conjunto com a FAB em meados da década de 1970, o protótipo do treinador voou pela primeira vez em 19 de agosto de 1980, com um desenho avançado para a época, com características que acabaram tornando-se padrão para outras aeronaves de treinamento, com trens de pouso retráteis, assentos em tandem (um a frente do outro, sendo o de trás mais alto), pontos duros para utilização de armamento e, inclusive, sendo a primeira aeronave do gênero com assentos ejetáveis.

Sua origem surgiu de uma necessidade para substituir a antiga aeronave de treinamento T-37 que seria descontinuada pela fabricante Cessna. Nessa mesma época, a administração do presidente norte americano Jimmy Carter anunciou um boicote na venda de equipamentos bélicos dos EUA ao Brasil, em meados da mesma década de 70, o que forçou o desenvolvimento de uma solução nacional para substituir as aeronaves de treinamento que estavam para aposentar.

Batismo do Tucano

De um concurso realizado entre os cadetes da AFA em 1981, devido ao “bico” longo, surgiu o nome que batizou a aeronave: Tucano. As regras eram simples e estabeleciam que o nome deveria ser de pronúncia fácil para um estrangeiro e deveria ter no máximo quatro sílabas. Assim, cada cadete poderia concorrer com uma sugestão. “No momento em que vi a foto do avião, devido às suas linhas alongadas e pelo colorido da pintura, reportei-me à infância nas cercanias de Campo Grande-MS, associando-a imediatamente com a ave brasileira. Coloquei minha sugestão no envelope e depositei na urna”, conta o Coronel Intendente Carlos Fernando de Souza Panissa, à época cadete do quarto ano na AFA.

Confiante que o nome sugerido tinha potencial para vencer o concurso, o então Cadete Panissa comentou com um amigo que ofereceria um churrasco com parte do prêmio em dinheiro, caso fosse o vencedor. E foi. Ao ser abordado na Academia pelo seu comandante que lhe questionou a respeito do nome, soube da vitória. “Quando ele completou, dizendo Tucano, conclui que havia ganhado o concurso. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Contive a emoção, mas por dentro vibrava intensamente.”

Chegada da aeronave a FAB

Na opinião do Tenente-Coronel Aviador Afonso Henrique Junqueira de Andrade Júnior, Chefe da Divisão de Instrução de Voo da Academia da Força Aérea, a chegada do T-27 à AFA, primeira unidade a recebê-la, representou um salto na formação dos futuros aviadores da FAB, que passaram a contar com uma aeronave capaz de oferecer grande perfomance de voo, ao mesmo tempo que permitia a fácil correção de erros comumente cometidos por alunos ainda no nível de treinamento, em que se encontravam na Academia.

Os pilotos, que antes voavam em assentos lado a lado com os instrutores, passaram a voar em tandem. “Apesar de estar com instrutor atrás, a visão do aluno, no assento da frente, é de quem está sozinho, o que exige dele uma postura de maior proatividade, maior confiança, iniciativa e capacidade de julgamento. A própria disposição da cabine remete a de um avião de caça” afirma o Tenente-Coronel.

Performance

Características como grande autonomia de voo – quatro horas e meia somente com o tanque interno -, manobrabilidade mesmo à baixa altitude, robustez, comandos precisos, boa margem de manobra, confiabilidade, visibilidade e capacidade de voo em diferentes condições climáticas fizeram do T-27 Tucano uma aeronave não só eficiente no treinamento de pilotos, como chegou a ser utilizado para ataque leve (utilizando o prefixo AT-27), que recebeu cargas externas como bombas, casulos para metralhadoras e até foguetes, sendo empregado em missões de treinamento armado, apoio aéreo, ataque ao solo e defesa do espaço aéreo. “Diria, como piloto, que a aerodinâmica do T-27 é quase perfeita no quesito aproveitamento da energia.

A característica de voo do Tucano é excelente, tanto que o EDA (Esquadrilha da Fumaça) o utilizou por trinta anos e o explorou em toda a sua plenitude” afirma o Tenente-Coronel que, de 2005 a 2008, foi piloto da Fumaça.

“É muito empolgante e emocionante quando apresentamos no exterior e você está numa aeronave brasileira, com um piloto brasileiro, sendo a manutenção brasileira e a equipe brasileira, nas cores da bandeira do Brasil. Esse tipo de aeronave em demonstrações aéreas traz uma beleza diferenciada ao show”, conta o Capitão André. O fumaceiro explica, ainda, que a utilização de uma aeronave com turbohélice permite apresentações em uma variedade maior de locais, em condições climáticas mais variadas e até mesmo em espaços menores, ao contrário de outras esquadrilhas que utilizam aviões a jato.

As inúmeras características dessa aeronave, vistas no mundo inteiro por meio da Força Aérea Brasileira, fizeram com que o T-27 fosse rapidamente encomendado por países como Argentina, Colômbia, Venezuela, Peru, Paraguai, Honduras, Irã. No Reino Unido, foi escolhido para se tornar aeronave de treinamento básico, licenciado e produzido localmente com motor mais potente de 1.100shp pela British Short Brothers (contra 750shp da Embraer) que, por sua vez, também exportou para Quênia e Kuwait. De maneira semelhante, a egípcia Helwan fez entregas para as forças aéreas do Egito e do Iraque.

Futuro do T-27

Pensando no futuro do Tucano, está em curso a modernização de sua aviônica, permitindo a atualização da aeronave, tendo ainda mais de uma década de vida útil na instrução de novos pilotos.

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