Governo avalia que venda de Avibras para chineses pode causar estresse diplomático

O governo está avaliando a possibilidade de a fabricante de equipamentos bélicos Avibras ser adquirida pelo grupo chinês Norinco. No entanto, essa compra poderia ser interpretada como uma interferência da China na produção de produtos de guerra, o que poderia causar tensões diplomáticas entre o Brasil e outros países, especialmente os Estados Unidos. Apesar da sensibilidade do tema, os integrantes do governo afirmam que a opção de venda à Norinco não está descartada. A empresa asiática demonstrou interesse no negócio, em um momento de crescentes tensões geopolíticas entre China e Estados Unidos.

Na última sexta-feira (28), a Avibras divulgou uma nota afirmando que a companhia australiana DefendTex também continua em tratativas para adquirir a empresa brasileira (veja nota completa abaixo). No governo, reuniões estão sendo realizadas nos próximos dias para explorar todas as opções apresentadas. Vale ressaltar que a Avibras é uma empresa de capital privado, portanto, o governo não possui poder de decisão direto nesse caso. No entanto, a União está acompanhando de perto as negociações devido à sensibilidade do setor, especialmente porque o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é credor de dívidas da fábrica.

Para obter mais informações sobre as tratativas da empresa, o governo acionou a Justiça por meio do BNDES para conhecer os detalhes das negociações. Uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) determinou que a Avibras apresentasse esclarecimentos em caráter de urgência ao banco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também convocou uma reunião sobre a empresa, buscando ouvir dos auxiliares qual caminho seria mais adequado para a Avibras.

Assessores presidenciais relataram à CNN que o presidente tem preferência por manter o controle da empresa com brasileiros e está preocupado com os postos de trabalho gerados pela indústria, além da preservação da capacidade de inovação tecnológica em um setor considerado estratégico.

A Avibras, símbolo da indústria de defesa, encontra-se em recuperação judicial e possui dívidas superiores a R$ 600 milhões. Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras foi pioneira no país na produção de equipamentos bélicos avançados, como mísseis e lançadores de foguetes. Sua sede está localizada em Jacareí (SP). A empresa é controlada e presidida por João Brasil Carvalho Leite, filho de um dos fundadores, sendo que o atual controlador detém 98% do capital.

Nota da Avibras: “A Avibras Indústria Aeroespacial e a DefendTex informam que o contrato de investimento assinado entre as partes permanece em vigor. Ambas as empresas estão empenhadas em concluir o processo de aquisição (“closing” do contrato) e realizar o aporte de capital a partir do dia 30 de julho, visando a retomada das operações. Novas informações serão divulgadas em momento oportuno.”

Fonte CNN

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