Com a invasão russa da Ucrânia, o líder chinês Xi Jinping está “inquieto”, em parte porque “sua própria inteligência não parece ter dito a ele o que iria acontecer”, disse o diretor da CIA, Bill Burns, ao Comitê de Inteligência do Senado dos EUA na quinta-feira (10).
As informações são da CNN Internacional. Outro motivo de preocupação da liderança chinesa é com “o dano reputacional que a China sofre pela associação com a agressão da Rússia na Ucrânia” e “as consequências econômicas em um momento em que as taxas de crescimento na China são menores do que em 30 anos”, segundo Burns.
O presidente Xi provavelmente está um pouco inquieto ao observar a maneira como o presidente Putin aproximou americanos e europeus e fortaleceu a aliança transatlântica de maneiras que seriam um pouco difíceis de imaginar antes do começou a invasão” finalizou o diretor.
As autoridades dos Estados Unidos acompanharam de perto a resposta da China à invasão da Ucrânia pela Rússia, à medida que crescem as especulações de que as duas nações autocráticas estão se aproximando no cenário mundial.
Apenas algumas semanas antes do início da invasão, Putin e Xi se encontraram na cerimônia de abertura das Olimpíadas em Pequim e as duas nações emitiram uma declaração conjunta afirmando uma parceria “sem limites”.
Um relatório de inteligência ocidental indicou que autoridades chinesas na mesma época solicitaram que altos funcionários russos esperassem até que as Olimpíadas de Pequim terminassem antes de iniciar a ação militar na Ucrânia, informou a CNN anteriormente – mas os detalhes do relatório estavam abertos à interpretação, de acordo com a CNN, uma fonte familiarizada com a inteligência, e não está claro se Putin abordou o assunto diretamente com Xi.
Na última terça-feira (8) o líder chinês fez um apelo para “máxima contenção” na Ucrânia e disse que a China está “aflita de ver as chamas da guerra reacenderem-se na Europa”, noticiou a mídia estatal, em sua declaração mais forte até o momento sobre o conflito.
Venezuela ratifica apoio à Rússia durante reunião na Turquia
O governo do autocrata da Venezuela, Nicolás Maduro, ratificou nesta quinta-feira (10) seu apoio à Rússia, sua aliada, durante um encontro que reuniu altos funcionários dos dois países na Turquia e no momento em que as tensões estão escalando pela invasão russa da Ucrânia.
"Tivemos uma reunião com nosso bom amigo Serguei Lavrov. Revisamos nossas relações estratégicas bilaterais e o complexo cenário internacional", escreveu no Twitter, Delcy Rodríguez, que lidera a delegação venezuelana.
Imagens compartilhadas por meios oficiais mostram Rodríguez e o chanceler venezuelano, Félix Plasencia, ao lado do ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e de funcionários turcos, outro importante aliado do governo Maduro.
"A Venezuela reafirmou o princípio de igualdade soberana dos Estados como o caminho para preservar os equilíbrios em prol da paz", acrescentou Rodríguez.
Caracas manifestou apoio à Rússia durante um conflito que rendeu ao governo de Vladimir Putin a reprovação internacional e múltiplas sanções.
O encontro ocorre apenas dias depois que delegados dos Estados Unidos se reuniram em Caracas com Maduro, que agradeceu diversas vezes a ajuda oferecida pela Rússia a seu governo, em meio às sanções americanas concebidas para forçar sua saída do poder.
A Casa Branca, que não reconhece Maduro como presidente após tachar a sua reeleição em 2018 de fraudulenta, informou que o tema da energia esteve sobre a mesa no encontro em Caracas, no momento em que os Estados Unidos buscam reduzir suas importações de petróleo da Rússia como resposta à invasão da Ucrânia.
A Rússia tem sido alvo de sanções econômicas por parte de Estados Unidos, Europa e outros países aliados em represália pela invasão da Ucrânia, que buscam castigar a moeda russa, o setor bancário, as companhias aéreas, entre outros objetivos.
Moscou é um aliado-clave da Venezuela desde o governo do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).
Diálogo da Turquia com Ucrânia e Rússia é importante, diz Erdogan a Biden
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, disse ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta quinta-feira, que era importante que o governo turco mantivesse diálogo tanto com a Ucrânia quanto com a Rússia para impedir que o conflito piore.
Erdogan também disse a Biden em uma conversa por telefone que o papel de mediador da Turquia em tentar encontrar uma solução ao conflito era importante, segundo comunicado do seu gabinete.
Membro da OTAN, a Turquia, que compartilha fronteira marítima com Rússia e Ucrânia no Mar Negro, tem boas relações com os dois países. O governo turco chamou a invasão russa de inaceitável, embora seja contrário a sanções contra Moscou.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e seu correspondente ucraniano, Dmytro Kulekba, se encontraram na província de Antalya, no sul da Turquia, sob a mediação da Turquia.
Mas o contato de maior escalão entre os dois lados desde que a Rússia iniciou a invasão à Ucrânia não apresentou progresso aparente na direção de um cessar-fogo.
Também não chegou a uma solução por um corredor humanitário do porto ucraniano de Mariupol, no sul do país.
Na conversa com Biden, Erdogan disse que organizar a reunião entre Lavrov e Kuleba era em si uma vitória diplomática.
Tanto Kuleba quanto o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, que sediou as conversas, disseram que não foi uma reunião fácil.