O autocrata da Venezuela, Nicolás Maduro, convidou nesta quarta-feira os empresários colombianos a retomarem os investimentos no país, interrompidos durante anos pelos fechamentos de fronteira decididos por sua gestão, em meio a uma tensão política que culminou no rompimento das relações diplomáticas.
“Bem-vindos, colombianos e colombianas, venham a mim. Venham a nós com seus investimentos. Aqui está o México, produzindo, trabalhando; aqui está o Brasil, investindo”, disse Maduro em pronunciamento transmitido pela TV pública.
O convite surge após seis anos de interrupção no comércio através da fronteira terrestre de mais de 2.000 km entre os dois países, que chegou a 11 bilhões de dólares por ano, segundo dados divulgados por Maduro. “Convido os empresários colombianos a retomarem seus investimentos, suas vendas e toda a atividade econômica comercial com a Venezuela”, disse o autocrata.
“A Venezuela te espera, Colômbia. A economia deve prevalecer acima de diferenças entre governos", insistiu Maduro, cujo país anunciou anteontem a "abertura comercial" de sua fronteira com a Colômbia, fechada dois anos atrás.
Embora apoiem o retorno do comércio, autoridades colombianas indicaram que farão primeiramente uma avaliação da estrutura das pontes, para avaliar como elas podem ter sido afetadas pelo peso morto dos contêineres instalados como barricadas desde 2019.
EUA discute diálogo na Venezuela com Colômbia e Espanha
A negociação para uma solução política na Venezuela foi um dos temas discutidos pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken, com funcionários de Colômbia e Espanha em Paris, durante encontros realizados à margem da reunião da OCDE.
"Blinken e a vice-presidente [da Colômbia, Marta Lucía] Ramírez conversaram sobre os esforços que estão sendo feitos para apoiar o povo venezuelano em sua tentativa de restaurar a democracia", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, em comunicado.
De acordo com uma fonte diplomática, durante o encontro que aconteceu em paralelo à reunião ministerial da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ramírez manifestou sua "desconfiança" no diálogo para o secretário americano.
"Os Estados Unidos disseram que não deve haver ilusões", acrescentou a fonte à AFP, sobre as conversas entre delegados do governo de Nicolás Maduro e da oposição venezuelana que acontecem no México desde 14 de agosto, com mediação da Noruega.
O diálogo também foi abordado em outra reunião bilateral, entre Blinken e o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares. De acordo com uma fonte diplomática espanhola, os dois afirmaram que esperam que o diálogo "avance o máximo possível".
"Trata-se de um diálogo sem vetos de qualquer um dos dois lados. Isso é uma mudança importante. Além disso, existe mais unidade na oposição neste momento do que em outras ocasiões", acrescentou a fonte, ao opinar que "há sinais de esperança".
A vice-presidente da Colômbia também pediu a Blinken que os "aplausos" pelo acolhimento de migrantes venezuelanos "se traduzam em uma solidariedade efetiva", de acordo com a primeira fonte diplomática.
Segundo as estimativas da ONU, existem quase 5,7 milhões de imigrantes e refugiados venezuelanos no mundo, a maioria deles na região da América Latina e do Caribe.
Durante a reunião entre o secretário de Estado dos EUA e a vice-presidente colombiana, também foi mencionada a realização de uma eventual "reunião de alto nível" sobre imigrantes com os países da região, Estados Unidos e União Europeia, acrescentou a fonte.