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Venezuela rumo ao narcoestado

Em 2005, o presidente Hugo Chávez interrompeu a cooperação com a DEA, a agência antidrogas dos EUA, depois de acusar seus agentes de "espiões". O governo venezuelano tem conhecidas ligações com as Farc, organização colombiana tão envolvida com o tráfico de drogas que é chamada de narcoguerrilha. A DEA obtém colaboração de Colômbia, México, Honduras e Guatemala. Mas nenhuma da Venezuela.

As Farc e os traficantes fizeram de áreas no Ocidente da Venezuela, fronteira com a Colômbia, um porto seguro, melhor dizer um aeroporto seguro, para o envio de drogas ao Caribe e à América Central, de onde vão abastecer os poderosos cartéis mexicanos, com acesso ao enorme mercado consumidor de drogas americano. O Escritório para a Política de Controle de Drogas da Casa Branca estima que 24% da cocaína exportada a partir da América do Sul em 2010 passaram pela Venezuela, segundo o "New York Times".

Mas o pior ainda está por vir. Altos escalões do governo estão envolvidos até o pescoço na rede criminosa. O jornal americano revela que o Departamento do Tesouro dos EUA acusou pelo menos sete altos oficiais militares e importantes integrantes do governo Chávez de ajudar as Farc, às vezes com troca de armas por drogas. Um deles é o atual ministro da Defesa, general Henrique Rangel Silva, que figura na lista oficial de narcotraficantes vinculados às Farc e cujos bens e contas bancárias estão interditados pelos EUA. A Venezuela classifica as acusações de "intromissão imperialista".

Recentemente, o presidente da Suprema Corte venezuelana, Eládio Ramón Aponte, totalmente envolvido com o esquema mafioso, fugiu do país pouco antes de ser descoberto e, em entrevista a uma TV da Costa Rica, denunciou altos funcionários do governo Chávez. Além do general Rangel Silva, citou o presidente da Assembleia Nacional, deputado Diosdado Cabello; o vice-ministro de Segurança Interna e diretor do Escritório Nacional Antidrogas, Néstor Luis Reverol; o comandante da IV Divisão Blindada do Exército, general Clíver Alcalá; e o ex-diretor da seção de Inteligência Militar, Hugo Carvajal.

O ex-juiz contou que quem controla o Judiciário é o vice-presidente Elías Jaua, zelando pela manipulação de processos, para livrar da prisão traficantes vinculados ao governo. Uma das figuras centrais do esquema seria, segundo o ex-juiz, Diosdado Cabello, homem de grande influência no chavismo e cotado para ser uma alternativa a Chávez, se a saúde dele piorar.

É preciso ter tudo isto em conta ao receber a Venezuela no Mercosul. Se o comércio intrabloco tende a aumentar, o que é desejável, merece atenção especial dos países-membros o fluxo desses "produtos exóticos", que deixam rastro de sangue e morte por onde passam. É preciso pressionar a Venezuela a coibir o narcotráfico. Mas não se deve ser otimista.

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