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Venezuela registra inflação de quase 10 mil por cento em 2019

A Venezuela encerrou 2019 com uma inflação de 9.585,5%, segundo dados publicados nesta terça-feira (04/02) pelo Banco Central do país (BCV). O índice de preços apurado pelo BCV é maior do que o valor de 7.374,4% calculado pela Assembleia Nacional, de maioria oposicionista, que divulga a sua taxa desde 2017.

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou uma inflação de 200.000% para 2019, ano em que o bolívar fechou com uma desvalorização de 98,6%, em meio a uma dolarização informal no país.

Após deixar de publicar estatísticas nos anos de 2016, 2017 e 2018, o BCV revelou em maio de 2019 que a inflação fechou em 130.060% em 2018, e que o Produto Interno Bruto (PIB) caiu pela metade desde 2013.

Em um segundo relatório divulgado em outubro, o BCV reconheceu o colapso contínuo da economia venezuelana, com uma inflação acumulada de 4.679,5% até setembro e uma contração do PIB de 26,8% no primeiro trimestre de 2019. Nesta terça-feira, no entanto, dados relativos ao PIB não foram divulgados.

Segundo o BCV, a inflação no grupo habitação – não incluindo telefone – aumentou 22.045,5% em 2019, enquanto o grupo saúde apresentou um índice de inflação de 17.872,4%; o transporte, de 13.032,6%; e os alimentos e bebidas não alcoólicas, de 7.981,4%.

O economista venezuelano Jesús Casique afirmou que esses dados mostram que a "bolha" vista em algumas cidades venezuelanas com os chamados "bodegones" (lojas com produtos não encontrados nos supermercados habituais), que vendem em dólares dezenas de produtos importados, "não representa uma alavanca que reativará a economia".

"O país precisa de uma mudança de modelo, respeito à propriedade privada, liberdade econômica e regras claras do jogo que gerem confiança", acrescentou o especialista em sua conta no Twitter.

A Venezuela é o país que abriga as maiores reservas de petróleo do mundo, mas está passando por uma profunda crise há mais de cinco anos, que se expressa na contração econômica, alta inflação e escassez de alimentos e remédios. De acordo com a ONU, a crise já levou ao êxodo de cerca de 4,6 milhões de venezuelanos desde o final de 2015.

O governate do país, Nicolás Maduro, diz que a crise é um reflexo das sanções americanas, que incluem um embargo ao petróleo, fonte de 96% da renda do país, cuja produção caiu para cerca de 900 mil barris por dia em comparação aos 3,2 milhões de uma década atrás.

A crise econômica é agravada pelas tensões políticas envolvendo a luta de poder entre Maduro e o líder da oposição, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país. Enquanto isso, a oposição atribui o colapso a altos gastos públicos e corrupção durante o maior boom petrolífero da Venezuela, entre 2004 e 2014.

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