Natalia Kovalenko
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, continua a dirigir o governo, declarou o vice-presidente da república, Nicolas Maduro, desmentindo as informações da mídia de que Chávez teria sido desligado dos aparelhos de suporte avançado de vida. Entretanto, já há mais de dois meses que o líder venezuelano não dá sinais de si.
Contudo, não é a primeira vez na história mundial que um país é governado por uma pessoa gravemente doente.
Os casos em que um país foi dirigido por líderes incapazes são conhecidos desde os tempos antigos. Na época medieval, era costume pôr no trono uma criança ou um soberano mentalmente fraco, enquanto o país era governado de fato por regentes, assessores e outros quejandos.
Temos muitos exemplos do gênero também no passado recente. O vigésimo presidente americano, James Garfield, passou quase metade de sua presidência deitado na cama por causa de um ferimento nas costas. Durante este período, Garfield encontrou-se apenas uma vez com os membros de seu gabinete. Na altura, o vice-presidente não assumiu funções de chefe de Estado e o país não teve uma liderança plena durante alguns meses consecutivos. Há também exemplos na história soviética, faz lembrar o cientista político Andrei Klimov:
"Por exemplo, Konstantin Chernenko, um dos últimos dirigentes da União Soviética, também estava doente. Mas, para demostrar a aptidão do dirigente, foram simuladas, em particular, eleições com sua participação. Para isso, o quarto de hospital onde se encontrava foi decorado como sala eleitoral em que Tchernenko teria participado no escrutínio. Ao mesmo tempo, todos entendiam que sua estadia no poder era mantida exclusivamente à custa de cuidados médicos. Havia também outros dirigentes mantidos de fato por aparelhos, mas, no entanto, o enorme país encontrava-se controlado por eles, de jure no mínimo".
O líder cubano Fidel Castro também dirigiu durante muito tempo o país a partir de um quarto de hospital. Contudo, por via das dúvidas, Fidel Castro anunciou como sucessor o seu irmão mais novo Raul, que posteriormente assumiu oficialmente o poder. Por isso, a doença do guia não provocou grande confusão em Cuba. A situação é diferente na Venezuela, onde são fortes as posições dos oponentes do regime. Hugo Chávez venceu as últimas eleições com uma pequena vantagem e, praticamente logo depois, se submeteu a mais uma operação e desapareceu do palco político. Embora o presidente tivesse apresentado ao povo Nicolas Maduro como seu sucessor, tal cenário parece ser bastante instável. Por este motivo, as autoridades na Venezuela fazem com que Hugo Chávez continue a ser presidente o maior tempo possível, diz o presidente do Instituto de Estratégia Nacional, Mikhail Remizov:
"Este é um problema de todos os regimes que assentam na popularidade pessoal. A sua estabilidade depende da saúde física ou psíquica da primeira figura. Por isso, quando surgem problemas de saúde, a sua equipe não divulga o mais longamente possível as informações sobre estes problemas, tentando prorrogar o regime já sem apoio da primeira figura".
Tal situação pode continuar durante muito tempo, praticamente até o fim da presidência, se a legislação não tiver ressalvas especiais. Quando o primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon entrou em coma em janeiro de 2006 na sequência de um derrame cerebral, ele continuou a dirigir o país de jure ainda durante mais de três meses. Só passados cem dias após o início da doença, as suas funções, de acordo com a legislação israelita, passaram para seu adjunto, Ehud Olmert.
No caso de Hugo Chávez, seus partidários declaram ter a certeza na recuperação do presidente. Por isso, não há quaisquer motivos para substituir o presidente da Venezuela, ressalta o diretor-geral do Fundo de Política Eficaz, Kirill Tanaev:
"A força política que levou o dirigente do país ao poder está interessada em obter as máximas vantagens do processo político. É estranho que isso provoque perguntas. É normal e não vejo nisso nada de mal ou de vergonhoso. Quando uma pessoa adoece, a vida em geral não termina. Os interesses políticos, econômicos e sociais não desaparecem por um dirigente sair de cena. Qualquer dirigente deste nível personifica uma linha política, certas camadas sociais e certas atitudes para com a economia. A sua doença, evidentemente, não deve levar em nenhum caso ao fim da orientação escolhida. Tal é a lógica da política".
Se Hugo Chávez não conseguir superar a doença, a sua morte será anunciada dentro de três ou quatro dias, no máximo. Na opinião de peritos, seria ilegal e simplesmente insensato ocultar mais tempo tal fato. Mas, enquanto o presidente respirar, mesmo com a ajuda de aparelhos, ninguém o pode impedir de continuar a ser chefe de Estado.