O governo socialista do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quarta-feira que uma iniciativa do chefe da Organização dos Estados Americanos (OEA) de repreender o país por violação das normas democráticas é um esquema “imperialista” para tomar o petróleo do membro da Opep.
Sob crescente pressão internacional e enfrentando o esforço da oposição para convocar um referendo revogatório para Maduro, o governo reagiu com fúria ao pedido do chefe da OEA, Luis Almagro, para uma reunião de emergência sobre a Venezuela.
"O império decidiu que é hora de pegar os nossos recursos”, afirmou o ministro do Exterior venezuelano, Delcy Rodríguez, a jornalistas, chamando Almagro de uma ferramenta da política norte-americana.
"Nós sabemos que o que está vindo é uma intervenção. É por isso que estamos alertando a comunidade internacional.”
Almagro, ex-ministro do Exterior do Uruguai, acusa Maduro de ser um “pequeno ditador” que tem ido de encontro à democracia na Venezuela ao deixar de lado o Congresso liderado pela oposição e encher a Corte Suprema com os seus aliados.
Nesta semana, Almagro requisitou uma reunião do conselho permanente da OEA para iniciar procedimentos no organismo que reúne 35 integrantes que poderiam levar a uma votação sobre a suspensão da Venezuela.
Embora a Venezuela tenha perdido importante apoio diplomático com as recentes guinadas da Argentina e do Brasil para a direita, o país pode ainda contar com a lealdade de governos de esquerda na Bolívia, Equador e Nicarágua.
O país também tem contado com o apoio de pequenos países do Caribe e da América Central, que têm se beneficiado do acordo Petrocaribe sobre fornecimento de petróleo e combustível.
O ministro Rodríguez declarou que Almagro, um advogado de 53 anos, é obcecado com a Venezuela.
Os líderes da oposição da Venezuela celebraram as críticas internacionais a Maduro, mas estão tentando manter o foco no esforço por um referendo revogatório neste ano, dizendo que a saída do presidente é a única maneira de resolver os problemas do país.
Capriles volta à linha de frente na Venezuela com o esforço para remover presidente
Henrique Capriles, líder da oposição, está de volta à ação nas ruas da Venezuela, instigando as pessoas e protestando contra a corrupção e o desabastecimento.
Capriles havia saído de cena depois das campanhas presidenciais fracassadas em 2012 e 2013, mas o governador do estado de Miranda está de novo na linha de frente política, desta vez liderando o esforço da oposição por um referendo para remover o presidente Nicolás Maduro.
"A única maneira de se consertar a crise na Venezuela é perguntando para os venezuelanos”, afirmou ele à Reuters, depois de um dia fazendo campanha no país sob tensão, em meio a problemas econômicos, manifestações e polarização política.
Apesar de autoridades do governo insistirem que não haverá um referendo revogatório neste ano, as novas iniciativas de Capriles estão restaurando a sua imagem entre os simpatizantes da oposição na Venezuela.