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e BBC
As tropas da Rússia dominaram Kherson, a primeira grande cidade da Ucrânia, mas os ucranianos ainda estão resistindo em Mariupol, Kharkiv e Chernihiv, apesar dos bombardeios. Explosões são ouvidas na capital Kiev, e um comboio de 64 quilômetros de tanques russos, veículos blindados e artilharia permanece quilômetros longe do centro da cidade.
De acordo com um alto funcionário da defesa dos Estados Unidos, o comboio está sofrendo com a escassez de combustível e comida, além da resistência dos ucranianos.
Segundo o jornal The Week, Trent Telenko, um especialista aposentado do Pentágono, sugere um outro grande motivo para a paralisação do comboio russo: os pneus chineses.
"Quando você deixa os pneus de caminhões militares em um lugar por vários meses, as paredes laterais ficam quebradiças e falham, como os pneus do Pantsir-SR”, escreveu ele no Twitter.
Por que comboio russo de 64 km parou de avançar perto de Kiev¹
O enorme comboio militar russo, com 64 quilômetros de extensão, que está perto da capital da Ucrânia, Kiev, mal se moveu em três dias, segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido.
Mas as autoridades de defesa dos EUA dizem que a Rússia ainda pretende cercar e tomar a cidade onde vivem cerca de três milhões de pessoas — usando táticas de cerco, se necessário.
Imagens de satélite divulgadas recentemente mostrando o tamanho do comboio provocaram temores de que um ataque seria iminente.
Mas autoridades do Reino Unido e dos EUA afirmam que problemas logísticos podem estar retardando seu avanço.
Em uma atualização das informações de inteligência na manhã de quinta-feira, o Ministério da Defesa do Reino Unido informou que a coluna fez "pouco avanço discernível em mais de três dias" e permanece a mais de 30 km de Kiev.
Por que o comboio parou?
Várias razões podem explicar por que a enorme coluna, que inclui veículos blindados, tanques e artilharia rebocada, parou de avançar em direção à capital.
Entre elas, problemas logísticos, resistência inesperada ucraniana e moral baixo entre as tropas russas.
Falhas mecânicas e congestionamentos estão causando problemas, de acordo com o governo do Reino Unido. Diz-se ainda que há falta de alimentos e combustível, e relatos de que pneus de má qualidade e mal conservados também podem ser uma questão.
"Há uma enorme falha logística no fornecimento de combustível, alimentos, peças de reposição e pneus… eles ficaram atolados na lama de uma forma que dificulta a retirada de veículos", afirmou o general Sir Richard Barrons, ex-comandante das forças armadas do Reino Unido, ao programa Today da BBC Radio 4.
No entanto, ele disse que questões de comando e controle — por exemplo, redes de rádio defeituosas e comunicação em redes abertas — provavelmente estão causando problemas maiores.
O Pentágono também afirmou que a Rússia estava tendo problemas logísticos e havia tomado a decisão de se reagrupar deliberadamente e reavaliar o "avanço que não haviam feito e como recuperar o tempo perdido".
Acredita-se que a resistência ucraniana também esteja dificultando o avanço do comboio, de acordo com o Pentágono, embora o mesmo tenha observado que não era capaz de verificar essa afirmação de forma totalmente independente.
A resistência ucraniana mais forte do que o esperado também pode estar afetando o moral russo — outra razão dada para a falta de movimento do comboio.
"O moral geral das pessoas sentadas neste comboio está caindo todos os dias", disse à BBC Oleksandr Danylyuk, ex-secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, fazendo uma comparação com a forte motivação dos militares ucranianos para defender sua capital.
Na terça-feira, um oficial de defesa dos EUA disse a repórteres que havia sinais de problemas de moral na força russa, que faz uso de um grande número de soldados recrutados.
"Nem todos eles estavam… sequer cientes de que seriam enviados para uma operação de combate", afirmou oficial.
O comboio pode ser destruído?
A Ucrânia tem alguma capacidade aérea e vem usando poderosos drones fabricados na Turquia para destruir outros comboios russos.
Mas, de acordo com o general Barrons, Kiev simplesmente não tem a força militar necessária para destruir uma coluna desse tamanho.
"Eles foram bons em atacar o comboio pela frente e pelos lados", ele afirmou, mas qualquer dano causado pelo ar seria muito localizado.
A Rússia também terá defesas aéreas ao redor do comboio, o que pode derrubar alvos ucranianos, acrescentou o general.
Sendo assim, um ataque aéreo ao comboio arriscaria perder ainda mais da já limitada força aérea da Ucrânia.
Alguns analistas sugeriram que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deveria considerar a destruição do comboio, mas isso seria uma grande escalada que arriscaria uma guerra entre duas potências nucleares.
Os governos ocidentais disseram repetidamente que não têm intenção de se envolver diretamente no conflito.
O que o comboio fará a seguir?
Apesar de todos os problemas relatados, permanece o fato de que uma enorme coluna de equipamentos militares russos está localizada ao norte de Kiev e, em algum momento, é provável que avance.
"Esta enorme coluna vai cercar e sitiar a capital", disse à BBC o ex-chefe do exército britânico, general Lord Dannatt, acrescentando que uma tentativa dos russos de tomar rua por rua de Kiev seria extremamente prejudicial.
O general Barrons disse que o comboio ainda continha muita capacidade militar que poderia provocar grandes danos a Kiev.
Ele acredita que o comboio provavelmente se tornará parte de uma força que cercará Kiev com uma combinação de artilharia e infantaria.
Neste ponto, segundo ele, os russos teriam duas opções. Ou dar um ultimato para se renderem, ou reconhecer que a capital não vai desistir e atacá-la da mesma forma que estão fazendo na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv.
Por enquanto, o povo de Kiev só pode observar e esperar para ver o que o comboio fará a seguir.
3ª rodada de negociações
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse hoje ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que uma terceira rodada de negociações entre os russos e os ucranianos está marcada para acontecer neste fim de semana. Os dois chefes de Estado conversaram por telefone, informou a CNN Internacional.
O segundo encontro entre as delegações da Rússia e da Ucrânia, em Belarus, aconteceu na quinta (3) e terminou com um aperto de mão entre as partes, além da promessa de uma terceira rodada de negociações. Segundo a agência de notícias Reuters, a delegação ucraniana foi ao encontro com o objetivo de conseguir um cessar-fogo.
Mas, o que foi conseguido, segundo um porta-voz da delegação, foi um entendimento para a criação de corretores humanitários para retirada de civis.
O conselheiro do presidente ucraniano, Mikhailo Podolyak, afirmou que, entre as demandas da Ucrânia, estavam um cessar-fogo, um armistício e também o corredor humanitário, para evacuar civis das áreas já destruídas do país.
As partes se encontraram pela primeira vez no dia 28 de fevereiro, mas, após cinco horas de conversa, não houve nenhum acordo.
Pneu dianteiro de um caminhão russo fora da roda. Provalvelmente falha do sistema de controle de pressão.