O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, prometeu nesta quarta-feira (5) na Ucrânia o total apoio do bloco ao país no caso de uma invasão russa, antes das negociações entre Washington e Moscou sobre a crise.
"Estamos aqui, em primeiro lugar, para reafirmar o total apoio da União Europeia à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia", declarou Borrell numa conferência de imprensa com o chanceler ucraniano Dmytro Kuleba.
"Qualquer agressão militar contra a Ucrânia terá consequências descontroladas e um alto preço", disse ele na cidade de Stanytsya Luganska, na região de Lugansk, que está na linha de frente. “E estamos nos coordenando com os Estados Unidos, com a OTAN e com outros parceiros para trabalhar pela redução da escalada”, acrescentou. A visita de Borrell é a primeira de um oficial de política externa da UE ao leste da Ucrânia desde o início da guerra, há quase oito anos.
'Desescalar' a situação
Washington e seus aliados acusam a Rússia de preparar uma invasão depois de concentrar cerca de 100.000 soldados perto da fronteira com a Ucrânia. Os países ocidentais estão tentando dissuadir Moscou de lançar um ataque contra seu vizinho, que desde 2014 luta contra separatistas pró-russos em duas regiões da fronteira oriental.
O conflito eclodiu após a anexação da Crimeia pela Rússia e deixou mais de 13.000 mortos. O ministro ucraniano Kuleba disse estar "feliz" pelo chefe da diplomacia europeia ter a oportunidade de visitar a linha de frente e "ver as consequências do conflito com seus próprios olhos".
Ele também garantiu que a ex-república soviética e a União Europeia buscam "desescalar a situação por meios diplomáticos, para que Moscou reduza as tensões e abandone suas intenções agressivas".
"A União Europeia está ao lado da Ucrânia para conter a política agressiva da Rússia", disse Kuleba.
Tanto Kiev quanto seus aliados acusam a Rússia de fomentar a rebelião, mas Moscou nega.
O presidente russo, Vladimir Putin, nega que esteja preparando um ataque e garante que os movimentos das tropas sejam uma reação ao avanço militar ocidental.
No mês passado, Moscou exigiu que a OTAN rejeitasse uma eventual adesão da Ucrânia e pediu aos Estados Unidos que não estabelecessem novas bases militares nas ex-repúblicas soviéticas.
Negociações com a UE e Ucrânia
A partir de domingo, altos funcionários dos Estados Unidos e da Rússia participarão de dois dias de diálogos sobre a crise em Genebra.
A UE teme ficar de fora em uma questão que a afeta: "Limitar as esferas de influência de duas grandes potências" não é mais relevante, disse Borrell na quarta-feira.
"Não há segurança na Europa sem segurança na Ucrânia. E é claro que qualquer discussão sobre a segurança europeia deve levar em conta a UE e a Ucrânia", acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, garantiu a seus aliados europeus que atuará em conjunto com eles, afastando as especulações de que poderia buscar um acordo com a Rússia que afete a Europa sem sua participação.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falou por telefone com chanceleres de sete países da UE na segunda-feira. Tanto os Estados Unidos quanto seus parceiros europeus ameaçam impor sanções econômicas caso a Rússia invada a Ucrânia.
"Será muito difícil fazer um avanço real … em um contexto de escalada e ameaças com uma arma apontada para a cabeça da Ucrânia", disse Blinken em uma entrevista coletiva com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.
O secretário de Estado também pediu a Berlim que paralise o polêmico gasoduto Nord Stream 2 – para fornecer gás russo à Alemanha – se a Rússia invadir a Ucrânia.