A Força Aérea bombardeou campos de radicais curdos na fronteira com o norte do Iraque nesta quinta-feira (18/02), numa resposta ao atentado suicida contra um comboio militar que, na véspera, deixou 28 soldados e civis mortos na capital Ancara.
A Turquia responsabilizou pelo atentado um membro da milícia curda síria Partido da União Democrática (YPG), trabalhando em conjunto com insurgentes do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
"As informações que obtivemos indicam claramente que esse ataque foi realizado por membros de uma organização terrorista dentro da Turquia junto com um membro da YPG que atravessou da Síria", disse o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu.
Salih Muslim, líder do PYD, negou que seus afiliados estejam por trás do atentado e afirmou que não considera o Estado turco como seu inimigo. O PKK também rejeitou qualquer envolvimento no ataque em Ancara.
"Não sabemos quem o realizou, mas é possível que tenha ocorrido em retaliação aos massacres no Curdistão", afirmou Camil Bayik, comandante da organização, à agência de notícias Firat, afiliada ao grupo.
O presidente Recep Tayyip Erdogan insistiu no envolvimento de ambos os grupos."Mesmo que os líderes do PYD e do PKK afirmem que isso não tem conexão com seus grupos, com base nas informações obtidas pelo ministro do Interior e nossas agências de inteligência, ficou estabelecido que [o atentado] foi realizado por eles", disse o presidente.
Ele confirmou a detenção de 14 suspeitos de envolvimento no ataque em Ancara e disse que novas prisões ainda deverão ocorrer. Pouco antes do início dos bombardeios, o presidente defendeu os bombardeios e deixou claro que a Turquia não vai permitir a criação de um bastião curdo no norte sírio.
"A Turquia não vai abdicar do direito de se defender a qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer ocasião", disse Erdogan.
Os bombardeios desta quinta-feira atingiam um grupo de entre 60 e 70 rebeldes, segundo o presidente.
O ataque de Ancara, o mais recente em uma série de atentados, ocorreu num momento em que a Turquia é arrastada cada vez mais para a guerra na vizinha Síria, e tenta conter parte da violência de décadas no Sudeste, que é predominantemente curdo.
Nesta quinta-feira, no sudeste da Turquia, uma bomba detonada por controle remoto matou membros das forças de segurança turcas que viajavam em um veículo militar. As primeiras informações são de que o número de mortos seria de no mínimo seis.
O ataque ocorreu na rodovia que liga Diyarbakir, a maior cidade na região de maioria curda, ao distrito de Lice. O veículo atingido realizava uma inspeção em busca de minas terrestres no local.
Atentado em Ancara
Ao menos 28 pessoas morreram e 61 ficaram feridas (17/02), quando um carro-bomba foi jogado contra um comboio militar em Ancara. O ataque, tratado pelo governo turco como um ato de terrorismo, aconteceu na região central da capital, onde estão localizados o Parlamento e diversos prédios oficiais.