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Trump e Rouhani trocam ameaças e insultos na Assembleia-Geral da ONU

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente iraniano, Hassan Rouhani, trocaram provocações na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas nesta terça-feira, com Trump prometendo mais sanções contra Teerã e Rouhani sugerindo que seu equivalente norte-americano sofre de “fraqueza intelectual”. 

Trump utilizou seu pronunciamento anual nas Nações Unidas para atacar a “ditadura corrupta” do Irã, elogiar o “bicho-papão” do ano passado, a Coreia do Norte, e para deixar uma mensagem desafiadora de que irá rejeitar o globalismo e proteger os interesses da América do Norte. 

Mas a maior parte do seu pronunciamento de 35 minutos foi direcionado ao Irã, que é acusado pelos Estados Unidos de ter ambições nucleares e de fomentar a instabilidade no Oriente Médio através de seu apoio a grupos militantes na Síria, no Líbano e no Iêmen. 

“Os líderes do Irã semeiam caos, morte e destruição”, disse Trump no discurso. “Eles não respeitam seus vizinhos ou fronteiras ou os direitos soberanos de outras nações”. 

Rouhani, que se dirigiu aos líderes mundiais depois do presidente dos EUA, criticou a decisão de Trump de se retirar do acordo nuclear de 2015 com o Irã, disse que não tinha “necessidade alguma para uma oportunidade de foto” com Trump e sugeriu que a retirada do presidente norte-americano de instituições globais seria um desvio de caráter.

“Confrontar o multilateralismo não é sinal de força. É na verdade um sintoma de fraqueza intelectual – entrega uma falta de habilidade para entender um mundo complexo e interconectado”, disse. 

O pronunciamento de Trump foi recebido com silêncio dos líderes mundiais ainda não confortáveis com as visões isolacionistas que enfraqueceram as relações dos Estados Unidos com aliados tradicionais pelo mundo.

Seu discurso, embora feito de maneira discreta, foi ainda assim uma reafirmação de sua política “América Primeiro”. Trump abalou a ordem mundial ao retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã e do acordo do Clima de Paris, ameaçando ainda punir os países da Otan que não pagassem mais por sua defesa comum.

Rouhani diz que Irã não quer guerra, sanções, ameaças ou intimidação

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, criticou nesta terça-feira os Estados Unidos por sua política hostil em relação ao país e disse que a abordagem dos EUA está condenada ao fracasso.

“Nossa proposta é clara: compromisso por compromisso; violação por violação; ameaça por ameaça; e passo por passo, em vez de conversa por conversa … O que o Irã diz é claro: sem guerra, sem sanções, sem ameaças, sem intimidação; apenas agir de acordo com a lei e com o cumprimento das obrigações”, disse Rouhani em discurso à Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas.

Ele afirmou que nenhuma nação pode ser levada à mesa de negociações pela força, acrescentando que não há melhor maneira do que o diálogo.

Rouhani também disse que o Irã acredita na criação de um mecanismo coletivo para o Golfo Pérsico com a presença e participação de todos os países da região.

Trump chama Irã de "ditadura corrupta" em discurso duro na ONU

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o Irã nesta terça-feira, descrevendo o país como uma “ditadura corrupta” que está roubando da população para pagar por agressões no exterior, usando seu discurso na Assembleia-Geral da ONU para enviar uma mensagem dura a Teerã.

“Os líderes do Irã semeiam o caos, a morte e a destruição”, disse Trump durante o encontro anual. “Eles não respeitam os vizinhos, fronteiras ou os direitos de soberania das nações”.

Trump fez uma comparação entre o relacionamento dos EUA e Irã com o que descreveu como laços melhores com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, a quem elogiou por interromper testes nucleares e de mísseis e por devolver restos mortais de militares norte-americanos da Guerra da Coreia.

O presidente norte-americano usou seu discurso para pedir reformas no comércio internacional e insistiu que seu principal objetivo como presidente é proteger a soberania norte-americana. Ele pediu que a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) pare de aumentar os preços do petróleo, e criticou as práticas comerciais da China.

Trump provocou alguns murmúrios da plateia de líderes mundiais e diplomatas presentes quando declarou que tinha realizado mais como presidente do que quase qualquer outra administração na história.

“Eu não esperava essa reação, mas tudo bem”, disse ele.

Mas a principal mensagem de Trump foi destinada ao Irã e tentar criar uma tensão entre Teerã e seu povo, dias depois de um ataque no sudoeste iraniano durante um desfile militar que matou 25 pessoas e desestabilizou o país.

Trump diz que Irã precisa "mudar de tom" antes de qualquer reunião

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira que o Irã não tem escolha a não ser mudar para que possa ocorrer uma reunião entre ele e autoridades iranianos, mas afirmou estar ansioso para ter um bom relacionamento com Teerã no futuro.

Falando antes de pronunciamento na Assembleia Geral da ONU, Trump disse: “Não vou encontrar com eles até que eles mudem de tom. Vai acontecer. Eu acredito que eles não têm escolha. Estamos ansiosos para ter um bom relacionamento com o Irã, mas não vai acontecer agora”.

Assessor de Khamenei rejeita oferta dos EUA de reunião com líderes iranianos, diz Irna

O principal assessor do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta terça-feira que a oferta dos Estados Unidos de se reunir com líderes iranianos, incluindo Khamenei, nunca será aceita.

Questionado sobre ofertas feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, para se encontrar com líderes iranianos, Ali Akbar Velayati disse à agência de notícias Irna: “O sonho de Trump e Pompeo nunca vai se concretizar”.

Pompeo fez sua oferta no domingo em entrevista à emissora Fox News.

Irã e potências trabalham para salvar acordo nuclear apesar de sanções dos EUA

As partes remanescentes do acordo nuclear com o Irã concordaram na segunda-feira em continuar trabalhando para manter o comércio com Teerã, apesar das dúvidas sobre essa possibilidade devido à retomada das sanções dos Estados Unidos às vendas de petróleo iraniano em novembro.

O presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu em maio abandonar o pacto e reativar sanções econômicas contra o Irã, inclusive aquelas que tentam forçar os grandes clientes do país-membro da Opep a pararem de comprar petróleo iraniano.

Em um comunicado após uma reunião entre Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Irã na segunda-feira, o grupo disse estar determinado a desenvolver mecanismos de pagamento para preservar o comércio com o Irã, apesar do ceticismo de muitos diplomatas a respeito dessa possibilidade.

“Cientes da urgência e da necessidade de resultados tangíveis, os participantes acolheram propostas práticas para manter e desenvolver canais de pagamento, principalmente a iniciativa de estabelecer um Veículo de Propósito Especial (SPV) para facilitar pagamentos ligados às exportações do Irã, inclusive de petróleo”, disse o grupo em um comunicado conjunto após a reunião.

Vários diplomatas europeus disseram que a ideia do SPV é criar um sistema de escambo, semelhante àquele usado pela União Soviética durante a Guerra Fria, para trocar petróleo iraniano por produtos europeus sem o pagamento de dinheiro.

A ideia é driblar as sanções dos EUA a serem restauradas em novembro, por meio das quais Washington pode isolar do sistema financeiro norte-americano qualquer banco que facilitar transações de petróleo com Teerã.

Falando a repórteres depois da reunião, a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que a decisão de criar tal veículo já foi tomada e que especialistas técnicos voltarão a se encontrar para acertar os detalhes.      

“Em termos práticos, isso significará que Estados-membros da UE criarão uma entidade legal para facilitar transações financeiras legítimas com o Irã, e isso permitirá a empresas europeias continuar a negociar com o Irã de acordo com a lei da União Europeia e pode ser aberto a outros parceiros no mundo”, disse.

Mas muitos diplomatas e analistas duvidam que tal veículo pode evitar as sanções dos EUA, já que Washington pode emendar suas leis de sanções para proibir tais trocas.

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