O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira que “foi flexível” com a China nas questões comerciais e disse que não está feliz que os chineses permitiram que embarques de petróleo fossem enviados para a Coreia do Norte.
“Eu fui flexível com a China porque a única coisa mais importante para mim que o comércio é a guerra”, disse Trump em entrevista ao The New York Times.
Na quinta-feira, Trump disse no Twitter que a China foi “flagrada” permitindo que petróleo fosse enviado à Coreia do Norte e afirmou que tais medidas vão impedir “uma solução amigável” para a crise sobre o programa nuclear de Pyongyang.
“Estou muito decepcionado com o fato de a China permitir que petróleo fosse enviado à Coreia do Norte. Nunca haverá uma solução amigável para o problema da Coreia do Norte se isso continuar a acontecer”, escreveu Trump.
Em entrevista ao New York Times, Trump atrelou explicitamente a política comercial do seu governo com a China à aparente cooperação entre os países para a resolução da crise nuclear da Coreia do Norte.
“Quando eu fiz campanha, fui muito duro com a China em termos de comércio. No ano passado, nós tivemos um déficit comercial de 350 bilhões de dólares com a China, no mínimo. Isso não inclui o roubo de propriedade intelectual, que soma mais 300 bilhões de dólares”, disse Trump, de acordo com uma transcrição da entrevista.
“Se eles estão me ajudando com a Coreia do Norte, eu posso olhar o comércio um pouco diferente, pelo menos por um tempo. E é isso que eu tenho feito. Mas quando o petróleo está sendo enviado, eu não estou feliz com isso.”
Após crítica de Trump, China diz que não vende petróleo ilegalmente à Coreia do Norte
A China negou nesta sexta-feira relatos de que tem vendido derivados de petróleo ilegalmente à Coreia do Norte, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse não estar feliz por Pequim ter permitido que petróleo chegasse à nação isolada.
Na véspera, Trump disse no Twitter que a China foi “flagrada” permitindo a entrada da commodity na Coreia do Norte, e que isso impedirá “uma solução amistosa” para a crise provocada pelo programa nuclear norte-coreano.
“Tenho sido suave com a China porque para mim a única coisa mais importante do que o comércio é a guerra”, disse Trump em uma entrevista ao jornal New York Times.
Nesta semana o jornal sul-coreano Chosun Ilbo citou fontes do governo local que disseram que satélites espiões dos EUA detectaram navios chineses transferindo petróleo para embarcações norte-coreanas cerca de 30 vezes desde outubro.
Autoridades dos EUA não confirmaram detalhes desta reportagem.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Hua Chunying disse a repórteres que notou reportagens recentes com insinuações de que um navio chinês é suspeito de ter transportado petróleo para uma embarcação da Coreia do Norte em 19 de outubro.
“O lado chinês realizou uma investigação imediata. Na verdade, o navio em questão não atraca desde agosto em um porto chinês e não existe registro de que tenha entrado ou partido de um porto chinês”, disse Hua.
Ela afirmou não saber se a embarcação atracou em outros países, mas que as reportagens relevantes “não conferem com os fatos”. Na entrevista ao New York Times, Trump ligou a política comercial de seu governo com a China explicitamente à percepção de uma cooperação de Pequim para resolver a crise nuclear norte-coreana.
Washington diz que a cooperação plena da China, vizinha e principal parceira comercial da Coreia do Norte, é vital para o sucesso da iniciativa, alertando por outro lado que todas as opções estão sendo cogitadas, inclusive as militares, para se lidar com o regime.
Pequim vem repetindo que está aplicando totalmente as resoluções contra a Coreia do Norte, apesar de Washington, Seul e Tóquio desconfiarem de que ainda existem brechas. Nesta sexta-feira a Coreia do Sul disse ter apreendido um navio com bandeira de Hong Kong suspeito de transferir petróleo para a Coreia do Norte, desafiando sanções.
Uma autoridade de alto escalão da chancelaria sul-coreana disse que o navio foi apreendido quando chegou a um porto da Coreia do Sul no final de novembro.