O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou seus ataques à China pela condução do surto do novo coronavírus que se transformou numa pandemia que já matou mais de 700 mil pessoas em todo mundo, enquanto seu secretário de Saúde se prepara para viajar para Taiwan em uma visita que certamente irá aborrecer o governo de Pequim.
Trump, que tem visto sua aprovação cair por conta dos números de infecções pela Covid-19 e do abalo econômico provocado pela crise, tentou mudar o foco para Pequim, dizendo novamente, sem evidências, que os chineses podem ter intencionalmente deixado o vírus se espalhar por todo o globo.
O presidente republicano, que está atrás do democrata Joe Biden nas pesquisas de opinião nacionais para as eleições do dia 3 de novembro, afirmou que era uma “desgraça” que Pequim tenha limitado a propagação do vírus em casa, mas que tenha permitido que ele tenha chegado ao resto do mundo.
“O que a China fez é uma coisa terrível… tenha sido por incompetência, ou de propósito”, disse, ressuscitando um enredo que afetou os laços entre as duas maiores economias mundiais e levantou questões sobre o acordo comercial assinado entre EUA e China em janeiro.
Na quarta-feira Biden disse que o acordo estava “fracassando” após dados do Departamento de Comércio mostrarem que o déficit comercial entre EUA e China cresceu 5% para 28,4 bilhões de dólares em junho.
Trump iria assinar um decreto nesta quinta-feira com o objetivo de trazer de volta cadeias produtivas da China para importantes ingredientes e suprimentos usados para a fabricação de remédios e equipamentos médicos, disse Peter Navarro, um importante conselheiro do presidente e especialista em negociação com a China.
No próximo domingo o secretário de Saúde de Trump, Alex Azar, deve viajar a Taiwan, província considerada renegada pelo governo chinês, que ameaçou “fortes medidas de retaliação”.
China ameaça com medidas em resposta à visita de autoridade dos EUA a Taiwan
A China, nesta quinta-feira, ameaçou tomar medidas em reação à viagem para Taiwan do secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar, a primeira visita de uma autoridade norte-americana de tão alto escalão à ilha reivindicada pela China em quatro décadas.
A visita, que começa no próximo domingo, aumenta as tensões entre Pequim e Washington que vão do comércio e direitos humanos à pandemia do novo coronavírus. A China considera Taiwan o assunto mais importante e sensível de suas relações bilaterais com os Estados Unidos.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou em uma entrevista diária em Pequim que qualquer tentativa de negar ou desafiar o princípio de “Uma China”, sob o qual Taiwan é parte da China, terminaria em fracasso.
“A China tomará fortes medidas em resposta ao comportamento dos Estados Unidos”, disse Wang, se referindo à visita de Azar.
Embora não tenha dado detalhes, a China disse, mês passado, que sancionaria a Lockheed Martin pelo seu envolvimento em vendas de armas norte-americanas a Taiwan.
Taiwan rechaçou as críticas da China, dizendo que Pequim não tinha o direito de comentar.
Washington quebrou laços oficiais com Taipei em 1979, a favor de Pequim. O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, tornou prioridade o reforço do seu apoio à ilha democrática e aumentou a venda de armas.
Azar, com uma reunião com o presidente Tsai Ing-wen na agenda, viajará para fortalecer a cooperação econômica e de saúde pública com Taiwan e apoiar o papel internacional de Taiwan na luta contra a pandemia.
Taiwan é excluído da maioria das agências globais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS, por causa de objeções da China, que vê a ilha como uma província chinesa que não tem os mesmos direitos de Estados.
O vice-diretor-geral do Centro de Controle de Doenças de Taiwan, Chuang Jen-hsiang, disse que Azar e membros da delegação norte-americana seriam testados para coronavírus antes de embarcarem para Taiwan e novamente quando chegassem ao aeroporto.
Apenas se testarem negativo poderão entrar no país.
“Precisarão usar máscaras o tempo inteiro”, disse Chuang.
“Há regras em relação aos locais que podem frequentar”, acrescentou, dizendo que os mercados noturnos geralmente lotados de Taiwan não estariam na lista de visitas.
Os membros da delegação norte-americana também terão que manter o distanciamento social ao se encontrarem com autoridades do governo, disse Chuang, acrescentando que eles usariam elevadores designados para “evitar qualquer risco”.