O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou em seu perfil no Twitter neste sábado (18) que a "Alemanha deve grandes somas de dinheiro à OTAN, e os Estados Unidos devem ser pagos mais pela poderosa e muito cara defesa que oferece" ao país, no dia seguinte à reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Nos posts na rede social, o presidente dos EUA afirmou ainda que, apesar das notícias falsas, ele teve um "grande encontro" com Merkel.
De acordo com a Reuters, na sexta, Trump havia reiterado o seu forte apoio à OTAN e pressionado Merkel a cumprir a meta de gastos militares da organização, na primeira reunião frente a frente entre os dois líderes.
O encontro entre a líder da maior economia da Europa e o presidente dos EUA era anunciado como um que poderia determinar o futuro da aliança transatlântica e moldar a relação de trabalho entre eles.
"Eu reiterei para a chanceler Merkel o meu forte apoio à OTAN e também a necessidade para que os nossos aliados da OTAN paguem a sua fatia justa pelo custo da defesa”, afirmou Trump em entrevista conjunta com Merkel.
Merkel disse que afirmou a Trump que a Alemanha precisa cumprir os objetivos de gastos da OTAN. Os dois também discutiram a Ucrânia e o Afeganistão.
Trump declarou esperar que os EUA se saiam “fantasticamente bem” no comércio com a Alemanha, enquanto Merkel disse que esperava que os EUA e a União Europeia pudessem retomar as discussões sobre um acordo comercial. Trump afirmou que ele não acreditava em isolacionismo, mas que política comercial deveria ser mais justa.
"Nós tivemos conversas em que tentamos lidar também com aquelas áreas nas quais discordamos, mas nós tentamos a união e tentamos buscar um compromisso que seja bom para os dois lados”, declarou Merkel.
Trump disse que “muito raramente” se arrepende de algo que tuíta, se esquivando de perguntas sobre as suas alegações sem evidências de que o seu antecessor, o democrata Barack Obama, o grampeara durante a campanha presidencial do ano passado.
Trump afirmou: “Pelo menos nós temos algo em comum”, numa aparente referência ao relatos de que durante o governo Obama os EUA colocaram uma escuta no telefone dela.
Líderes parlamentares dos partidos republicano e democrata dizem não acreditar que Trump foi grampeado.
Mais cedo, o presidente dos EUA recebeu a chanceler na Casa Branca com um aperto de mão, mas eles não se cumprimentaram no Salão Oval, onde ela se inclinava para ele, enquanto ele olhava para a frente, sentado com as pernas separadas e as mãos juntas. No Salão Oval ambos os líderes descreveram a reunião como muito boa, em breves comentários.
Embora Merkel parecesse relaxada, a linguagem corporal entre eles não era especialmente harmoniosa.
Como candidato a presidente, Trump criticou Merkel por ter permitido a entrada de centenas de milhares de refugiados na Alemanha. Na entrevista, Merkel sinalizou as diferenças, dizendo: “Isso é obviamente algo sobre qual nós trocamos opiniões”.
A construção de uma relação foi um tema com menos visibilidade, mas importante na pauta. Merkel tinha relações próximas com os antecessores democrata e republicano de Trump, Barack Obama e George W. Bush, e ela provavelmente vai buscar ter uma forte relação de trabalho com Trump, apesar das grandes diferenças em termos de políticas e da desconfiança na Alemanha em relação a Trump.
"Os que conhecem a chanceler sabem que ela tem um dom para ganhar as pessoas em discussões pessoais. Estou seguro de que Donald Trump não estará imune”, afirmou Juergen Hardt, um parlamentar conservador alemão.
Alemanha rebate acusação de Trump sobre dívida com OTAN¹
A ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, negou neste domingo (19/03) a acusação do presidente americano, Donald Trump, de que a Alemanha deve "vastas somas de dinheiro" à OTAN. "Não há nenhuma conta na OTAN onde estejam registradas dívidas. É errado relacionar apenas à OTAN os gastos de 2% [do PIB] com defesa, que queremos alcançar em meados da próxima década", afirmou Von der Leyen.
Segundo a ministra, as contribuições financeiras à OTAN não devem ser o único critério para medir o esforço militar de um país. O engajamento em missões no exterior e a luta contra o terrorismo, por exemplo, também devem ser considerados.
O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, também criticou a declaração de Trump em entrevista ao jornal Rhein-Neckar-Zeitung. "Uma política de segurança sensata não significa contar tanques, elevar gastos militares a alturas malucas e assim criar uma espiral armamentista. Uma política de segurança sensata significa prevenção de crises, estabilização de estados debilitados, desenvolvimento econômico e o combate da fome, das mudanças climáticas e da falta de água", afirmou.
Trump dissera no sábado que a Alemanha se beneficia da defesa oferecida pela OTAN sem pagar o suficiente por isso. "Apesar do que vocês ouviram das notícias falsas, eu tive um ótimo encontro com a chanceler Angela Merkel. No entanto, a Alemanha deve vastas somas de dinheiro à OTAN, e os Estados Unidos devem ser pagos pela poderosa e muito cara defesa que oferecem à Alemanha", escreveu.
¹com Deutsche Welle