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Tensões entre Alemanha e Rússia levam a expulsões de diplomatas

Trocas de comunicados indignados entre a Alemanha e a Rússia, seguidas da expulsão de diplomatas: a tensão subiu mais um nível entre os dois países na segunda-feira (20). O pano de fundo são a prisão de um cidadão russo e as ameaças à Ucrânia.

Na quarta-feira (15), a corte de Berlim condenou à prisão perpétua um russo de identidade não precisa pelo assassinato de um ex-combatente separatista tchetcheno, da Geórgia, em um parque da capital, em 23 de agosto de 2019.

A Justiça alemã acusou as autoridades russas de terem encomendado o crime. “A parte russa rejeita cotegoricamente as acusações sem fundamento e desconectadas da realidade”, indicou o ministério de Relações Exteriores do país.

Berlim, em seguida, expulsou dois diplomatas russos. Em resposta, na segunda-feira (20), Moscou também expulsou dois membros do corpo diplomático alemão.

A diplomacia alemã disse que a réplica russa é “completamente injustificada” e vai “pesar ainda mais em suas relações” bilaterais.

Gasoduto da discórdia

Nas relações entre os dois países, o controvertido Nord Stream 2 aparece em primeira linha. Ele sai da Rússia e vai até a Alemanha evitando a Ucrânia.

Recentemente, a ministra de Relações exteriores alemã, Analena Baerbock, afirmou que o novo gasoduto não seria autorizado a funcionar no caso de uma nova “escalada” na Ucrânia. As tensões entre os países ocidentais e o Kremlim cresceu nas últimas semanas devido à desconfiança de que a Rússia poderia invadir o país vizinho.

As declarações do novo governo do primeiro-ministro Olaf Scholz são analisadas de perto pela imprensa russa. “Nord Stream 2 novamente atacado”, disse recentemente um jornal pró-Kremlim. “As más intenções da ministra alemã dos Assuntos exteriores”, afirmou outro.

A Rússia defende que a cada declaração dos ecologistas alemãos, o preço do gás aumentaria no mercado.

O Nord Stream 2, um projeto apoiado por Vladimir Putin e a ex-chanceler Angela Merkel, é criticado por vários países como Estados Unidos e Polônia, que se preocupam com a forte dependência da Europa da Rússia.

Alemanha condena russo à prisão perpétua por assassinato político a mando de Moscou

A Justiça alemã condenou nesta quarta-feira (15) à prisão perpétua o russo Vadim Krasikov pelo assassinato de um checheno em Berlim a mando do governo de Vladimir Putin. Moscou acusa o veredito de ser político. Dois diplomatas russos foram expulsos do país europeu. O caso estremece as relações diplomáticas já complicadas entre Rússia e Alemanha.

Em 2019, Tornike Kavtarachvili estava em um parque de Berlim quando foi assassinado com três tiros. O georgiano da minoria chechena tinha 40 anos e era opositor ao governo russo.

Para a Corte de Berlim, as ordens foram dadas por autoridades russas para “liquidar a vítima” cerca de um mês antes do assassinato. A morte teria sido uma vingança contra o opositor, de acordo com o juiz Olaf Arnoldi.

Moscou, que sempre negou sua participação no caso, acusa o veredito de ser político.

"Acreditamos que esta é uma decisão política que prejudica seriamente as relações russo-alemãs, que já eram difíceis", disse o embaixador da Rússia na Alemanha, Sergei Netchaev.

Algumas horas após o veredito, o governo alemão decidiu expulsar dois membros da equipe diplomática russa. A ministra de Relações Exteriores, Annalena Baerbock, anunciou que os dois funcionários da embaixada russa foram declarados “persona non grata" na Alemanha por conta da decisão judicial desta quarta-feira.

O assassinato no coração de Berlim foi considerado pelo governo um "grave atentado à soberania do Estado alemão”.

Execução a sangue frio

O checheno morto era um líder separatista que havia lutado contra as forças russas entre 2000 e 2004. O georgiano vivia com sua família na Alemanha desde 2016, sob asilo político.

O assassino foi descrito pelo promotor como sendo comandante de uma unidade especial do serviço secreto russo FSB. Para apagar sua entrada no país, o russo teria viajado de Moscou para Paris, depois para Varsóvia e, então, Berlim.

Para garantir sua entrada de maneira "completamente invisível" para as forças de segurança alemã, o russo teve assistência "ativa" de autoridades, de acordo com o veredito.

O crime aconteceu na hora do almoço no grande parque Tiergarten, no coração da capital alemã. De bicicleta, o assassino se aproximou da vítima por trás e atirou três vezes contra o checheno, uma delas na cabeça.

O russo foi preso na sequência nas proximidades no parque. Ao longo do julgamento, o condenado negou a identidade a ele atribuída. Ele afirmou se chamar Vadim Sokolov, ter 50 anos, e ser "engenheiro da construção civil".

Um opositor detestado

Desde as primeiras suspeitas, ainda em 2019, o Kremlin sempre negou estar por trás do assassinato. Embora o presidente Vladimir Putin mostrasse bastante desprezo pelo opositor, que descrevia como "um combatente cruel e sanguinário".

O governo de Putin solicitou a extradição do opositor checheno, que foi negada pela Alemanha.

O caso reforça outras suspeitas de atentados russos contra opositores, como o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal no Reino Unido, em 2018.

Polônia e Belarus proíbem acesso da ONU à fronteira por crise de migrantes

A ONU afirmou nesta terça-feira (21) que Polônia e Belarus negaram acesso à fronteira entre os dois países, onde a organização pretendia investigar a crise migratória.

A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Liz Throssell, explicou que uma equipe viajou à Polônia, mas "sem ter autorização de acesso à zona de fronteira", enquanto Belarus bloqueou o acesso a todo seu território.

"Pedimos às autoridades dos dois países que autorizem de forma imediata o acesso às zonas de fronteira aos representantes humanitários e dos direitos humanos, aos jornalistas, aos advogados e representantes da sociedade civil", acrescentou.

O Alto Comissariado também pediu a Belarus e Polônia uma solução urgente para a situação desesperada dos migrantes e refugiados na fronteira.

Entre 29 de novembro e 3 de dezembro, uma equipe do Alto Comissariado viajou à Polônia, sem conseguir se aproximar da fronteira e seu trabalho foi reduzido a reuniões com representantes do governo e da sociedade civil, além de entrevistas com 31 migrantes que chegaram ao país entre agosto e novembro.

"As pessoas entrevistadas descreveram condições desastrosas dos dois lados da fronteira, sem acesso ou com acesso limitado a comida, água potável e abrigo", disse Throssell.

A porta-voz acrescentou que muitos afirmaram que foram agredidos pelas forças de segurança em Belarus e que os agentes os obrigaram a atravessar a fronteira, com instruções sobre onde e quando passar, e que foram impedidos de retornar a Minsk.

O Alto Comissariado pediu a Belarus que investigue as acusações e que "acabe de forma imediata com as práticas". Ao mesmo tempo, o organismo pediu a Polônia que pare de enviar os migrantes a Belarus sem examinar cada caso de forma individual.

Os países ocidentais acusam Belarus de orquestrar o fluxo de migrantes na fronteira da UE como represália pelas sanções impostas após as eleições questionadas de 2020.

Minsk nega as acusações e afirma que Varsóvia devolve de forma violenta os migrantes que conseguem entrar em seu território.

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