Chefes de Estado da China e Taiwan se encontram pela primeira vez em mais de 60 anos. O encontro histórico entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o colega de pasta taiwanês, Ma Ying-jeou, aconteceu neste sábado (07/11) em Cingapura e começou com um aperto de mão.
"Somos uma família", disse o presidente chinês ao chefe de Estado taiwanês. "Ninguém pode nos separar", ressaltou Xi, afirmando que o povo chinês em ambos os lados do Estreito de Taiwan dispõe de capacidade e sabedoria para resolver seus próprios problemas.
O presidente taiwanês Ma declarou que as relações bilaterais devem se basear na sinceridade, sabedoria e paciência e que as diferenças devem ser resolvidas por meio pacífico.
Nenhum acordo e nenhuma declaração
Depois de aparecer para jornalistas, a reunião entre os dois líderes aconteceu num hotel em Cingapura e durou por volta de uma hora. Anteriormente, ambos os lados haviam deixado claro que nenhum acordo resultaria do encontro e que também não haveria nenhuma declaração conjunta.
Desde a revolução de 1949, a República Popular da China considera a ilha de Taiwan como uma província separatista e busca uma reunificação em seus termos. Em 1992, Pequim e Taipé chegaram a um consenso: eles aceitaram a existência de uma só "China", o que ambos os governos interpretam de diferentes formas.
O consentimento para um encontro implica uma mudança radical da liderança em Pequim, que até agora havia se recusado realizar tal reunião com vista a não legitimar o governo da República da China, nome oficial de Taiwan. Para o encontro, ambos os lados acordaram um rígido protocolo. Em vez de se cumprimentarem com seus títulos oficiais, os presidentes deveriam escolher a forma simplificada Sr. Xi e Sr. Ma.
Protestos contra a aproximação
As tensas relações entre os dois países melhoraram significativamente desde a eleição de Ma em 2008. A reunião em Cingapura foi acompanhada por protestos. Irados, os adversários da aproximação entre Taiwan e China tentaram invadir o Parlamento em Taipé neste sábado. Os cerca de cem manifestantes foram afastados pela polícia.
Também houve protestos no aeroporto em Taipé, onde Ma fez uma declaração à mídia pouco antes de voar para Cingapura. Os manifestantes queimaram cartazes com fotos de ambos os chefes de Estado, chamando de Xi de "ditador" e Ma de "traidor". Diversas pessoas foram presas.