Nota DefesaNet,
Visivelmente abatido com a decisão brasileira, o Embaixador Shannon, ainda sim, com base nos seus 14 anos de relacionamento com o Brasil, propõe trabalhar em conjunto com o Brasil em termos estratégicos. O vídeo da palestra está incluído nesta página. O editor |
Por Kathryn McConnell
Washington – Nos últimos anos, os laços empresariais e societários entre o Brasil e os Estados Unidos têm crescido consideravelmente, diz um diplomata sênior dos Estados Unidos.
“Os brasileiros estão se conectando de maneira ampla” com os Estados Unidos como turistas, estudantes, investidores e exportadores ou importadores, disse Thomas Shannon, que em setembro deixou o Brasil como embaixador dos Estados Unidos e agora atua como assessor sênior do secretário de Estado, John Kerry.
“O que é notável sobre o surgimento dessa nova conectividade é que nossas sociedades irão determinar a direção do nosso relacionamento”, disse Shannon durante um fórum,19 de dezembro de 2013, no Centro Woodrow Wilson, instituição de pesquisa de Washington. Ele acrescentou que os governos dos Estados Unidos e do Brasil têm incentivado as conexões interpessoais.
Shannon disse que a demanda dos brasileiros por vistos para os Estados Unidos cresceu mais de 600% desde o início de 2000 e que tem havido uma quantidade “extraordinária” de viagens de autoridades brasileiras e líderes empresariais para os Estados Unidos. Solicitações de vistos de turismo de moradores dos Estados Unidos para o Brasil também têm aumentado, disse ele.
Ele observou que, nos últimos anos, os Estados Unidos e o Brasil se envolveram com sucesso em áreas como ajuda externa, desenvolvimento agrícola, saúde pública, promoção da não proliferação nuclear, abordando a resolução pacífica de conflitos e formando acordos comerciais amplos.
Shannon destacou que os Estados Unidos pretendem reabrir dois consulados no Brasil para complementar os três postos consulares já existentes, além da embaixada. Isso tornará mais conveniente para os turistas chegar a um consulado para obter um visto e permitirá mais investimentos e divulgação comercial, disse ele.
Embora o comércio bilateral de bens e serviços entre o Brasil e os Estados Unidos agora alcance mais de US$ 100 bilhões por ano, “mais pode ser feito”, afirmou. Ele acrescentou que o desenvolvimento da relação comercial Brasil-EUA é uma prioridade do governo Obama, algo que Kerry destacou quando visitou o Brasil em agosto.
Shannon também disse que o aumento dos investimentos entre o Brasil e os Estados Unidos beneficiaria os cidadãos de ambos os países.
Conforme o Brasil e os Estados Unidos constroem um diálogo em torno de questões-chave de interesse mútuo, diferenças de visões têm surgido. Mas, segundo Shannon, os países encontraram pontos de vista semelhantes em áreas como mudanças climáticas, segurança alimentar, e a luta contra o crime transnacional e a proliferação de armas. “Reconhecemos que precisávamos construir uma plataforma do século 21 para o relacionamento”, disse ele.
Shannon elogiou a emergência do Brasil como potência econômica mundial enquanto enfrentava as desigualdades sociais como “pobreza, desigualdade e exclusão social”, e construiu uma democracia funcional e uma classe média com base no consumo.
Ele disse que as manifestações em junho em todo o Brasil foram “provas da saúde da democracia brasileira” e de que o governo proporciona um “espaço público amplo para os cidadãos protestarem, se manifestarem e terem suas vozes ouvidas”. As manifestações começaram com protestos contra aumentos de tarifas de transporte.
O DESAFIO DAS REVELAÇÕES
Shannon discutiu as decisões da presidente Dilma Rousseff e do presidente Barack Obama de adiar a visita de Estado de Dilma de outubro aos Estados Unidos como resultado de uma alegação em revelações vazadas por um ex-funcionário da inteligência dos Estados Unidos.
A alegação “criou um desafio significativo em nosso esforço para construir [uma] parceria estratégica, pois interrompeu um diálogo que era incipiente, mas de crescente importância, e que tinha um enorme potencial”, disse ele.
Ele afirmou que, desde então, os Estados Unidos e o Brasil têm se engajado em vários níveis, incluindo conversas entre Obama e Dilma sobre como traçar “um caminho a seguir”. Os dois países também encontraram um consenso com outros países interessados sobre questões relacionadas com as revelações envolvendo “governança da internet, privacidade como um direito humano e o papel da espionagem dentro das estruturas da lei e dos regulamentos internacionais”.
“Entre empresas americanas e brasileiras há uma vontade profunda e permanente de continuar o nosso envolvimento e procurar maneiras de desenvolver uma relação comercial e de investimentos mais fluida e produtiva”, disse Shannon.