A Rússia procura ampliar substancialmente sua presença no mercado de armas da América Latina. O senhor pode fazer um balanço dos resultados obtidos nos últimos anos?
Desde a sua constituição em 2000, a "Rosoboronexport", sendo única exportadora autorizada do armamento russo, conduz uma política consequente do incremento das relações com os países da América Latina. Intensificamos a cooperação com a Venezuela, Cuba, Colômbia, México, Peru, Equador e Uruguai. Assinamos os contratos importantes para fornecimento de helicópteros com o Brasil e a Argentina.
O Chile também mostra interesse, mas até agora os contatos com este país não se transformaram em algo prático. Se há dez ou quinze anos o atual nível de cooperação com os países latino-americanos parecia fantástico, hoje mesmo os projetos mais ambiciosos são efetivamente viáveis. Ainda assim é apenas o início do desenvolvimento do enorme potencial das nossas relações, podendo o Brasil servir de bom exemplo disso.
Por que o Brasil?
É um exemplo excelente. O Brasil é o maior país do continente que enfrenta tarefas importantes de incremento da capacidade defensiva das Forças Armadas Nacionais e desenvolvimento da indústria de defesa altamente tecnológica. A Rússia e o Brasil são membros do grupo BRICS e têm posições muito próximas nas questões básicas de geopolítica e segurança global. Os países têm grande interesse mútuo no desenvolvimento das relações econômicas. Portanto, há premissas para uma cooperação muito mais estreita na área de defesa.
O que pode oferecer a Rússia na área de defesa?
A Rússia é um dos poucos países que produzem toda gama do armamento, desde armas ligeiras até submarinos nucleares. Segundo o critério custo/eficácia as armas russas continuam sendo as mais atrativas, ainda mais que adotamos uma abordagem integrada das questões de reequipamento das Forças Armadas dos países parceiros em função das suas necessidades reais. Mas o mais importante é que estamos abertos à parceria tecnológica equitativa, pesquisas e desenvolvimentos conjuntos. Essa cooperação dá um forte impulso ao desenvolvimento da indústria de defesa dos países parceiros.
Existem projetos desta cooperação tecnológica que hoje estão sendo estudados?
Mantemos um diálogo com importantes empresas brasileiras sobre grandes projetos, em particular, relativos a sistemas de defesa antiaérea. Também houve negociações relacionadas à área da aeronáutica. Seria oportuno lembrar que na licitação FX-2 com o sofisticado caça Su-35, propusemos um extenso programa de transferência de tecnologia, inclusive a organização da produção desses caças no Brasil.
Claro que o processo de negociação não é tão rápido quanto se gostaria. O primeiro passo, como se sabe, é sempre o mais difícil. Eu diria que hoje estamos lançando um fundamento para uma futura parceria tecnológica, um fundamento sólido que tenha ótimas perspectivas a longo prazo.
Mas outros produtores mundiais também oferecem a transferência de tecnologia e produção conjunta…
É verdade, mas os níveis de transferência de tecnologia podem ser diferentes. Por exemplo, há muito que a Índia pratica a política de diversificação de fornecimentos, e nós, sendo parceiro estratégico deste país, respeitamos esta abordagem. Ao mesmo tempo, é com a participação da Rússia que são implementados os projetos mais importantes relativos à cooperação tecnológica, por exemplo, o programa de desenvolvimento do caça da quinta geração. Inclusive também porque na realidade nenhuma outra empresa quer transferir à Índia tecnologias semelhantes.
Por outro lado, a Rússia nunca usa o fornecimento de armas ou transferência de tecnologia como instrumento de pressão política. Somos absolutamente independentes na nossa política de cooperação militar com outros países e respeitamos a independência dos nossos parceiros.
O que espera da LAAD2015? Que material bélico será apresentado no Rio de Janeiro?
Apresentamos mais de 200 modelos diferentes do armamento. Os mais promissores no mercado latino-americano são, em minha opinião, o caça Su-35, avião de treinamento e combate Yak-130, helicóptero de combate Mi-28NE, helicópteros militares de transporte da série Mi-17 e Sistema de mísseis e canhões AA «Pantsir-S1».
No setor terrestre são bastante altas nesta região as perspectivas de exportação das viaturas russas «Tigre» e «Gorets-M», assim como de caminhões KAMAZ e URAL.
Além disso, nos dias da Feira os altos dirigentes do Estado do Rio de Janeiro e da cidade de Brasília verão uma apresentação do novo Sistema russo de monitoramento e controle de forças e meios em tempo real "Cidade Segura" que aumenta substancialmente a eficiência da ação dos serviços operacionais em todas as etapas da sua atividade rotineira, desde a previsão e alerta de situações adversas até a localização e eliminação destas.
Um Sistema integrado semelhante, desenvolvido para a garantia de segurança dos Jogos Olímpicos 2014 em Sóchi (Rússia), mostrou sua alta eficiência. Tendo-se em conta a proximidade das Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016, esperamos que os nossos parceiros brasileiros fiquem interessados neste Sistema.